Conhecido pela habilidade e pela capacidade de conversar com aliados e até mesmo com os adversários, o senador Márcio Bittar (MDB), cuja carreira política iniciou-se nos anos 90 exatamente pelo município de Sena Madureira, no Acre, vai ter que mostrar todas essas qualidades na prática quando a campanha eleitoral do ano que vem, para prefeito e vereadores, começar de fato. Nesta fase de pré-campanha, em que todo mundo namora todo mundo, o senador passou o final de semana neste ritual de ir ao encontro de todos.
Chegou sexta feira da semana passada e dormiu o sábado (21) em Sena Madureira, quando participou do baile dos “Amigos de Sena”, um grupo de pessoas nascidas no município, mas que mora fora e se reúne anualmente às vésperas do aniversário da cidade, e conversou com praticamente todas as lideranças políticas locais. Esteve com o casal José e Antônia Vieira, do PSDB, com o deputado Gerlen Diz, dos Progressistas, com a publicitária Charlene Lima, do PTB, em café da manhã no mercado municipal, e de quebra ainda acompanhou o ex-vereador Zenil Chaves a uma vaquejada. Além disso, também acenou para que o ex-prefeito Mano Rufino, ainda ligado à Frente Popular do Acre, possa vir a se juntar a este grupo.
O que deixa a situação do senador digna de registro é que ele é do MDB – mesmo partido do belicoso prefeito Mazinho Serafim, que é candidato à reeleição e vem desafiando todas as oposições a se juntarem contra ele. Mesmo com o maior número de adversários por metro quadrado das eleições do ano que vem, o rechonchudo prefeito Mazinho Serafim diz que tem literalmente muita gordura para queimar e que vai ganhar de todos, de lavada.
Por “todos” entenda-se os Vieras, os Diniz, Charlene Lima e seu grupo, além de Zenil Chaves e outros, como o vereador Josandro (sem-partido) e o ex-deputado Nelson Sales, que vêm sendo chamado a se juntar ao grupo. É aqui que a habilidade de Márcio Bittar vai ser de fato testada: como apoiar alguém do grupo que se apresenta como “todos contra Mazim” sem magoar amigos como Zenil Chaves ou Charlene Lima? Como sendo vice-líder do Governo do presidente Jair Bolsonaro no Senado não apoiar Zenil Chaves, que se filiou exatamente ao PSL, dos bolsonaristas? Como deixar de apoiar Mazinho Serafim, que é do MDB, o seu partido?
Até aqui, Márcio vem surfando sobre a grande popularidade que o permitiu ser eleito senador numa disputa em que não parecia ser o favorito. Em relação a Mazinho Serafim, antigas rusgas, de campanhas passadas, podem ser revividas e não permitir que ele vá ao palanque do candidato à reeleição mesmo sendo ele do MDB. E em relação aos demais amigos que devem ir à disputa, a estratégia deve ser tirada de pesquisas de opinião pública. Uma pesquisa indicaria quem seria o melhor nome para enfrentar Mazinho Serafim. Este nome seria o candidato das oposições e o segundo colocado, o candidato a vice-prefeito.
Mas ainda assim, Márcio Bittar não teria sonhos tranquilos em relação ao município que o levou à disputa política partidária. Ao ContilNet, ele disse não pensar nesse quadro por enquanto. Qualquer decisão agora seria precipitada, disse. “Melhor dar tempo ao tempo”, afirmou.