Julia Vasconcelos defendeu o Brasil pelo taekwondo nos Jogos Olímpicos de 2016. A lutadora de São José dos Campos foi a única de sua equipe a fazer parte da equipe brasileira, mas os custos da realização do sonho, para ela, não valeram a pena: a jovem de 27 anos alega ter sofrido abusos psicológicos e assédio moral por parte do treinador desde a infância.
Julia se mudou para Nova Jersey em 2018, largou as competições e, hoje, come o que tem vontade. Trabalha em dois empregos, que tomam 15 horas do dia dela: é servente de obra pela manhã e professora de taekwondo à noite. Nas poucas horas que restam, ela dorme. “Sou constantemente cansada, mas não tem outro jeito. . Uma hora o corpo acostuma”, diz.
A decisão de largar a mãe, a ex-noiva e o esporte foi tomada num repente, na virada do ano. Como ela já tinha o visto de atleta, precisou de apenas dois meses para vender o carro, os móveis e entregar o apartamento em que morava. Julia teve depressão em dois momentos da vida, sendo o último, pouco antes de se mudar, o mais severo. “Passei por uma cirurgia, coloquei cinco parafusos na mão e quando encontrava meu mestre, ele só falava sobre meu peso”. Imagem: Reprodução/Instagram Da equipe, com quem ela passava mais tempo, afirma não ter tido qualquer apoio. Do treinador, nem uma palavra. “Tentei procurá-lo porque precisava de ajuda, eu estava com depressão.Um funcionário da Liga [Valeparaibana de Artes Marciais] tentou contato com ele nesse dia e ele falou que só era para eu procurá-lo quando ele me ligasse. Me senti muito sozinha. Por sorte, minha mãe e minha família ficaram ao meu lado”. Cobranças indevidas e punição a quem não apoiasse políticos Ali foi o fim de uma situação recorrente desde os seis anos de idade de Julia, quando começou a treinar. “Eu sempre vi coisas erradas acontecendo ali. A última delas foi meu ex-técnico pedir uma porcentagem do meu salário. Eu não concordava com isso e não tinha espaço para falar sobre.
A associação alegava que essa parte do salário era guardada para ajudar atletas que não tivessem dinheiro para competir. Mas eu sabia muito bem que não era esse o destino do dinheiro”. “Em 2016, época de Olimpíada e de eleições municipais, minha mãe se candidatou a vereadora em São José dos Campos. Eu não pude apoiá-la. Sabe por quê? Tinha um vereador que apoiava a equipe, a gente viajava com dinheiro da emenda dele. Só que, em troca, a gente tinha que explicitamente apoiá-lo. Queria apoiar minha mãe e não deixaram. Ouvi que se eu não apoiasse o vereador, teria de cair fora”.
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