Trinta anos após sua morte, Chico Mendes terá exposição permanente em Brasília

Trinta anos depois de sua morte, com um tiro de espingarda disparado à queima roupa contra seu peito, o sindicalista Chico Mendes, assassinado em Xapuri em dezembro de 1988, será motivo de uma exposição permanente do Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF). A entidade inaugurou, nesta sexta-feira (22 ), a exposição “Chico Mendes Herói do Brasil”, que ficará instalada no Espaço Educador “Chico Mendes”, na Chácara do Professor, localizada no Núcleo Rural Alexandre Gusmão, em Brazlândia, no Distrito Federal.

O projeto registra a trajetória de vida e de lutas do líder sindicalista e ambientalista Chico Mendes nos seringais do Acre, e no coração da Amazônia. A exposição resulta de parceria entre o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Xapuri-Acre, o Memorial Chico Mendes e o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), com o Sindicato dos Professores do Distrito Federal.

Produzida pela Revista Xapuri Socioambiental, a exposição é composta por quadros impressos em papel canvas, com molduras em madeira de demolição. A atividade de lançamento contou com a presença de Angela Mendes, filha de Chico Mendes; Raimundo Mendes de Barros, primo e companheiro de lutas de Chico Mendes; Júlia Feitoza Dias, companheira de lutas e apoiadora de Chico Mendes no Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Xapuri; Joaquim Correa de Souza Belo, presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), outras 30 lideranças comunitárias do movimento extrativista da Amazônia e dos demais biomas brasileiros.

Nascido num seringal no Acre e criado em família de seringueiros, Chico Mendes começou a trabalhar aos 12 anos para substituir o pai no sustento da casa. Em 1970, chamou a atenção de fazendeiros por sua atuação no sindicalismo e por liderar manifestações pela preservação da Amazônia — em um momento em que, a fim de se expandir a agropecuária, o desmatamento começava a avançar na floresta.

A filha de Chico, Ângela Medes/Foto: cedida

Seu amigos e familiares contam que ele era bom na lida com o látex das árvores e chegou a ser premiado o seringueiro mais produtivo no lugar onde vivia. Mas, insatisfeito com as condições de trabalho — marcadas, segundo ele, pela exploração de grandes proprietários —, suas e de seus companheiros, iniciou a vida sindical em 1975. Dois anos depois, fundou o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, do qual foi presidente até o dia em que foi parado com um tiro no peito, dia 22 de dezembro de 1988.

Em 1985, liderou o 1º Encontro Nacional de Seringueiros, no qual foi criado o Conselho Nacional dos Seringueiros, principal referência da categoria. Como sindicalista, Chico Mendes passou a organizar manifestações de seringueiros para impedir o desmatamento, que afetava seus modos de vida. Uma de suas táticas de ação ficou conhecida como “empate”, forma de manifestação em que seringueiros se colocavam à frente de uma área a ser devastada. Como contraproposta, ele defendia a criação de reservas extrativistas, áreas protegidas e utilizadas de forma sustentável para o trabalho dos povos da floresta.

Sete dias depois de completar 44 anos, foi morto no quintal de casa Naquele dia, o ativista estava acompanhado por dois policiais responsáveis por sua segurança — que, de dentro de casa, não conseguiram evitar o crime. Ameaçado meses antes, Mendes foi morto pelo pistoleiro Darci Alves Pereira, filho do fazendeiro Darli Alves da Silva, que cumriu pea de 19 anos e meio de prisão como mandante do crime.

Ângela Mendes representou o pai na solenidade de homenagens no Distrito federal.

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