Coluna Confraria dos Últimos Românticos desta semana: Banho de chuva

Este escritor de hábitos não tem conhecimento se já foi elaborada alguma pesquisa – dessas típicas de cientistas afeitos em analisar cada cena da vida com base em números – mas, arrisco o palpite: não existe um beijo dado durante um banho de chuva forte que não resulte em paixão arrebatadora.

É clara a relação entre a água fria, misturada com ventos que resulta em comichão no peito. Num toró, se você é bom reparador de detalhes notará, a natureza se encarrega de acentuar, na base da água, as silhuetas. “Eu me rendo”, é o máximo que o pobre diabo pode reconhecer dada a situação.

Aqueles que nunca beijaram sentido o sabor da mistura água das nuvens e saliva de quem se  ama são desconhecedores do gosto que supera o melhor dos drinques já criado.

O coito sob grande volume líquido entra sem dificuldade como capítulo de destaque no livro “Grandes momentos de nós dois” de qualquer casal. Recomendo que beije na nuca, nessa hora. Apenas recomendo. Se molhe. Larga mão do embaraço.

É na chuva que a paixão nasce. Brota, como um arremedo de uma planta. Vinga.

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