Gladson Cameli mostrou a Maria Alice quem de fato manda no Governo do Acre

A provável saída da engenheira civil Maria Alice Melo do cargo de secretária de Estado de Planejamento e Gestão Administrativa (Seplag), a se confirmar nesta quinta-feira (20), vinha sendo especulada nos bastidores há mais de uma semana. Foi quando o governador Gladson Cameli, ao perceber que o volume de serviços e atividades da Secretaria, que eram duas (Gestão e Planeamento) e foram fundidas, precisavam voltar à condição original para que as ações, principalmente na área de planeamento e convênios, tivessem mais celeridade.

Ao anunciar isso em primeira mão à própria secretária, Gladson Cameli esbarrou na sua firme disposição de não admitir o desmembramento. Para garantir a condição atual da Seplag, segundo uma fonte do Governo, a secretária – que gozava da confiança absoluta do governador e era constantemente elogiada por sua competência e lealdade mesmo com parte do MDB, seu partido, se rebelando contra a administração – botou o pé na parede para deixar o órgão como está.

O governador aguardou alguns dias mas voltou ao assunto na semana passada. Ao saber da intenção do governador de cindir a secretaria, ela voltou a manifestar, disse a mesma fonte, com o mesmo viés autoritário com que agia nas administrações do primo Flaviano Melo, quando este fora prefeito e governador do Estado, nos anos 80. Ela teria dito ao governador que não aceitaria a cisão da secretaria e que se Gladson Cameli insistisse, ele demitir-se-ia, como acabou por fazê-lo.

Emparedado pela subordina, Gladson Cameli teria mostrado que quem, afinal, manda na administração do Esmo é ele, eleito para esta finalidade. O governador teria pedido que Maria Alice decidisse por uma das secretarias, de Planejamento ou de Administração e Gestão, com pedidos para que ela gerenciasse a parte de projetos e convênios do Estado, mas a secretária teria se mantido irredutível.

A declaração do governador segundo qual quem estivesse descontente com o Governo teria a porta de saída como serventia, feita na manhã desta quarta-feira (19), poucos antes de se reunir com deputados da base aliada na Assembleia Legislativa, teria mexido com os brios e pruridos da secretaria, que teria então pedido para sair e fazendo declarações pesadas segundo as quais o atual Governo não teria rumo.

A ser verdadeiro o que disse a secretária demissionária sobre os sem-rumos do atual Governo, a culpa seria dela e de sua equipe, já que ao secretário de Planejamento cabe, prioritariamente, planejar as políticas públicas que o Governo busca implementar. Maria Alice deve sair e levar seu fiel escudeiro, o policial federal Roberto Feres, casado com uma prima sua. Ele vinha a ser seu secretário adjunto.
Candidatura de Roberto Duarte

Gladson Cameli, governador do Acre

Outro fato que teria pesado para que a secretária tomasse a decisão seria o anúncio de que o deputado estadual Roberto Duarte será mesmo candidato a prefeito do MDB na capital, no projeto de Flaviano Melo de levar o Partido a fazer carreira solo e se afastar do projeto do qual participou na campanha de 2018 e que levou o partido a uma das maiores vitórias da história recente no Estado. Sem disputar eleições Governo do Estado desde 1994 (em 98, com Chicão Brígido fez apenas uma encenação, que o deixou em terceiro lugar), quando o então senador Flaviano Melo perdeu para o governo, no segundo turno para Orleir Cameli, o partido passou a sobreviver com ajuda de outras siglas até encontrar Gladson Cameli e a estrutura dos demais partidos da aliança que o levaram àquela vitória de eleger um senador (Márcio Bittar), dois deputados federais (Jéssica Sales e o próprio Flaviano Melo), além de três deputados estaduais (Antônia Sales, Roberto Duarte e Meire Serafim). Para quem não passava de um puxadinho de outras siglas, lutando apenas para garantir o que parece eterno mandato de Flaviano Melo, o MDB tinha ido mais longe do que esperava e a partir daí passou a cuspir no prato que comera – o Governo de Gladson Cameli. “Maria Alice estaria convicta de que vai chefiar a coordenação da campanha de Roberto Duarte a Prefeitura”, diz um aliado do atual governo.

O pedido de exoneração da secretária, no entanto, não abalou o governador, garantiu uma fonte próxima ao gabinete de Gladson Cameli. Ele vai esperar até sexta-feira para anunciar a cisão da Seplag e quem deve administrar as duas funções. Mas, por enquanto, mostrou ao MDB que manda no Estado é ele e pronto.

PUBLICIDADE