As informações de que a economia do Acre vem sendo solapada por um esquema criminoso de retirada dos novilhos e novilhas do Acre com menos de um ano de idade através de guias falsificadas e outras irregularidades, divulgada pelo portal ContilNet, na última quarta-feira (4), caíram como uma bomba no meio agropecuário do Estado. Do secretário de Agricultura e Pecuária, passando pela diretoria da Polícia Civil e o Instituto de Defesa Agrária e Florestal do Acre (IDAF), todos se manifestaram sobre o assunto.
Em nota emitida pelo presidente do órgão, Rogério Alves Melo, O Idaf salienta que a ocorrência de comerciantes de gado, os chamados “marreteiros”, não teve início no início de 2019 e muito menos em 2020. “A prática deste comércio intermediário é comum há muitos anos, não apenas no Estado do Acre. Entretanto, a regulamentação desta negociação entre o marreteiro e o produtor não é de competência institucional do órgão de defesa agropecuária”, disse.
De acordo com o IDAF, a Guia de Trânsito Animal (GTA), por sua vez, é o documento zoosanitário oficial para transporte animal no Brasil e contém informações importantes para a rastreabilidade (origem, destino, finalidade, entre outros). O documento garante a saúde dos animais em deslocamento e possui uma serie de travas de segurança que impedem a sua falsificação, dentre elas o Código de Barras e o Código QR no qual é possível que agência de defesa em todo o país verifique sua autenticidade e prazo de validade.
“No entanto, caso seja identificada a participação de servidor, será instaurado processo administrativo disciplinar e todas as providências correlatas”, diz a nota. “Importante citar que o IDAF passa por uma reformulação de suas atividades com o fortalecimento, inclusive, do setor de fiscalização de trânsito agropecuário, que deixou de ser uma coordenação e passou a ser uma gerência ligada diretamente a diretoria técnica do instituto”, acrescentou.
De acordo com a direção do IDAF, também está prevista uma revisão dos pontos de controle do Sistema de GTA On-line do IDAF (SISDAF), a fim de garantir a realização de um controle de rebanho ainda mais eficiente. Estimativas sem maior rigor matemático feitas por pecuaristas incomodados com a situação revelam que os chamados comerciantes de gado – que não são produtores, também conhecidos por marreteiros, das regiões do Centro/Sul do país levaram do Acre, em 2019 e agora no começo de 2020, levaram para fora algo em torno de 400 mil cabeças de bovinos, entre machos e fêmeas, com média de um ano de idade.
O diretor de polícia judiciária do Estado, delegado Henrique Maciel, confirmou a existência de um inquérito policial para investigar o assunto. “Estamos investigando todas as denúncias”, disse Maciel.
O secretário de Agricultura e Pecuária, Edivan Maciel, disse que o órgão está preocupado com as informações de que os bezerros estão saindo com idade muito tenra do Are. “Isso significa que, no futuro nem próximo, poderemos ficar sem animais ara abastecer nossas plantas frigoríficas”, disse.