Coronavírus: “Mande os donos das funerárias se prepararem”, diz ministro da Saúde a Gladson

O ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta deu um duro recado ao governador Gladson Cameli em chamada telefônica na última sexta-feira (27). Ao sinalizar que anularia o decreto de isolamento social no Estado, após incentivo do presidente Jair Bolsonaro, o chefe do Executivo acreano ouviu do ministro que, se seguisse adiante, deveria contatar os donos das funerárias locais e pedir para eles se prepararem.

O teor da conversa foi revelado pelo próprio governador durante reunião de trabalho em Cruzeiro do Sul neste domingo (29).

“O que é que se vê? Uma politização. As pessoas querendo que (o povo) vá pra rua, inclusive o nosso presidente. Na sexta-feira, eu peguei o telefone e pedi uma audiência com ele. Eu ia sair de Rio Branco, chegar e dizer: ‘Então, presidente, eu vou seguir a sua orientação. Se é para abrir, então vamos abrir, mas está aqui: eu não tenho condições de arcar com as consequências’”, disse Gladson.

“Aí eu liguei para o ministro da Saúde. Ele disse: ‘não faça isso’. Eu ia, pois estou seguindo uma lógica. E eu quero compartilhar com vocês: se fizeram uma opção pela parte econômica, eu fiz opção por salvar vidas. Se eu estou certo ou estou errado, o tempo vai dizer. O que eu não quero é a consciência de que eu não fiz o meu papel, o meu dever”, continua.

Sobre o recado da autoridade em saúde de que o governo devesse mandar as funerárias se prepararem, o governador falou: “Se o ministro me disse isso, eu vou fazer o quê? Eu vou dizer que o negócio é simples? Eu vou ser irresponsável? Não vou. Ele não é doido”.

Em vídeo publicado nas redes sociais, o governador reafirmou sua decisão de salvar vidas e resolveu manter o decreto, que já havia sido afrouxado na semana passada após reunião com representantes dos setores produtivo e comercial.

O documento determina que bares, restaurantes e lanchonetes fechem suas portas até que a ameaça do coronavírus passe. O intuito é desestimular os acreanos a saírem de casa. Após edição do decreto feita na semana passada, alguns ramos de lojas e indústrias, que antes eram obrigadas a fecharem, agora podem funcionar.

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