A Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), superou a marca de mil mortes no Brasil nesta sexta-feira (10). Balanço do Ministério da Saúde aponta o total de 1.056 mortes e 19.638 casos confirmados.
O país chegou a este número 44 dias após o primeiro caso registrado no país e 24 dias após após o registro da primeira morte (abaixo, nesta reportagem, saiba mais sobre o perfil das vítimas).
- Os estados com mais mortes são: São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará e Amazonas, respectivamente.
- Os estados com menos mortes são: Acre (2), Amapá (2), Rondônia (2), Mato Grosso (2), Mato Grosso do Sul (2), Roraima (3), Alagoas (3) e Sergipe (4).
Mortes mais que dobram em uma semana
O total de casos mais que dobrou desde a semana passada. Na sexta-feira (3), eram 432 mortes. O aumento em relação ao total divulgado nesta sexta-feira foi de 144%.
Mortes causadas por Covid-19 entre 3 e 10 de abril — Foto: Arte/G1
Na quinta-feira (9), eram 941 mortes. Em 24 horas foram confirmadas mais 115 vítimas, um aumento de 12%.
Casos de Covid-19 no Brasil — Foto: Arte/G1
Fila de testes e subnotificação
O número de casos e mortes confirmadas por Covid-19 não retrata a realidade da pandemia no Brasil. Somente no estado de São Paulo há ao menos 21 mil testes na fila aguardando resultado (veja vídeo abaixo). Além disso, outras milhares de amostras colhidas em pacientes nem chegarão a ser analisadas por irregularidade no armazenamento. O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) denunciou o Instituto Adolfo Lutz ao Ministério Público e à Secretaria de Estado de Saúde pela perda de cerca de 20 mil amostras de pacientes que passariam por testes para comprovação de coronavírus.
Na quinta-feira, durante apresentação do Ministério da Saúde, o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira disse que o Brasil tem “127 mil casos” aguardando a “investigação laboratorial”. Em nota nesta sexta, a pasta informou ao G1 que tratam-se de “testes gerais de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)” que ainda precisam ser realizados, e que vão investigar, além da Covid-19, também outros vírus. Levantamento da Fiocruz mostrou que o novo coronavírus já é responsável por 86% das internações por SRAG.
Emergência em 5 estados e no DF
De acordo com o ministério, são considerados em estado de emergência para o coronavírus o Distrito Federal e os estados: Amazonas, Amapá, São Paulo, Ceará e Rio de Janeiro.
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A justificativa para essa classificação é que essas unidades da federação tem taxa de incidência dos casos acima da média nacional.
Enquanto a “incidência nacional” é de 9,3 casos a cada 100 mil habitantes, o número chega a 23,3 no Amazonas.
Casos de coronavírus no Brasil — Foto: Arte/G1
Perfil dos mortos
- A idade média das vítimas até agora é 66 anos, mas há entre os mortos jovens que tinham menos de 30 anos e também pessoas sem doenças prévias relacionadas (comorbidades) que predispõem o paciente a desenvolver um caso grave.
- A maioria das pessoas com Covid-19 apresenta sintomas leves, a ponto de muitas vezes nem conseguir identificar o problema. O G1 reuniu depoimentos de quem conseguiu se curar da doença. Na fala deles, o sofrimento causado pela Covid-19, a superação que representou se recuperar e o pedido para que quem puder fique em casa.
- O estado com maior quantidade de mortes é São Paulo, onde 540 pessoas não resistiram à doença – a maior parte delas estava na capital.
- Até esta sexta-feira (10), somente Tocantins não havia registrado mortes.
- Por outro lado, levantamento feito pelo G1 aponta que, até a última quarta-feira (8), 12,4% das cidades brasileiras têm pelo menos um caso de coronavírus; todas as capitais registraram casos.
- Outros 87,6% dos municípios não haviam registrado nenhum caso até 8 de abril.
- Até 4 de abril, 20 municípios concentravam 73% dos infectados pelo novo coronavírus no país.
- Em relação ao número de infectados por cada 100 mil habitantes, as regiões com o maior índice são, respectivamente: 1ª região de Fortaleza (43,9), São Paulo (40,4), e Manaus, entorno, e Alto do Rio Negro (28,1).
- O primeiro caso da doença no Brasil, registrado em 26 de fevereiro, foi de um homem com 61 anos que havia chegado de viagem à Itália, país da Europa mais afetado pela pandemia. A primeira morte confirmada no Brasil foi divulgada em 17 de março pela Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo.
- O primeiro paciente a morrer era um homem de 62 anos com histórico de diabetes, hipertensão e hiperplasia prostática — um aumento benigno da próstata.
- Um bebê de Natal (RN) que morreu apenas cinco dias após o nascimento é a mais jovem vítima da doença no Brasil. No interior do Ceará, um bebê de três meses de idade também não resistiu à doença.
- Também entre os mais jovens que morreram com a doença estavam, por exemplo, um adolescente de 15 anos, uma mulher de 28 que havia dado à luz dias antes e um rapaz de 23 anos. Entre os mortos, havia também grávidas como a fisioterapeuta Viviane Albuquerque, que tinha 33 anos e estava no 32º mês de gestação. Até a última terça-feira (7), tinham sido confirmadas ao menos oito mortes de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem com diagnóstico de Covid-19. Outras 11 mortes de profissionais da área seguiam sendo investigadas , segundo o Conselho Federal de Enfermagem (Confen). Entre os profissionais de saúde mortos, estava uma técnica de laboratório de Goiás de 38 anos, uma técnica de enfermagem de Pernambuco de 55 anos e o médico de São Paulo chefe da urgência clínica da Unifesp.