Jornalista do Peru tenta voltar ao país há mais de 1 mês e denuncia descaso do consulado

O que era para ser uma simples viagem de passeio se tornou um grande transtorno para a jornalista peruana Graciela Salazar Stein, de 64 anos. Com vários amigos no Acre, ela veio sozinha passar o Carnaval e, ao tentar voltar ao país, no dia 2 de abril, deu de cara com a fronteira fechada por conta da pandemia de coronavírus.

Desde lá, ela vive de favores na casa de amigos. A mulher denuncia descaso do consulado do Peru no Acre, que tem atendido 11 peruanos com auxílio de apenas R$ 100. Segundo Stein, o órgão não quer incluí-la no grupo. O benefício serviria para quitar necessidades emergenciais até que consiga uma forma de atravessar a fronteira em Assis Brasil.

Na terça-feira (12), cerca de 50 peruanos que estavam acampados na ponte que liga a cidade acreana a Iñapari, no Peru, obtiveram autorização para entrar no país após terem feito testes para covid-19, uma exigência do governo da nação vizinha. Sete estavam infectados. Outro grupo de peruanos deve chegar ao município em breve para o mesmo procedimento.

Porém, Graciela prefere esperar a reabertura da fronteira anunciada pelo governo peruano para o dia 25 de maio. Além de idosa, ela é diabética e hipertensa e teme se contaminar em meio aos compatriotas durante a entrada em grupo a Iñapari. Por isso, necessita da ajuda financeira para ficar no Acre. “Quero passar de forma normal”, diz.

A jornalista pensa em se mudar nos próximos dias para Assis Brasil e ficar na casa de um conhecido para estudar uma forma de entrar no país sem que precise se aglomerar. Mas não pode fazer o trajeto sem o suporte financeiro do consulado, pois todo seu dinheiro já acabou.

Nesta quinta (14), ela foi andando até a sede da entidade e disse ter sido informada que não pode receber o auxílio por ser uma visitante frequente do Brasil, possuir CPF daqui e cédula de identidade de estrangeiro. Ela teria sido aconselhada a buscar o benefício de R$ 600 do governo federal. Porém, no sistema, seu CPF consta como inválido para o cadastro.

A senhora disse que vai acampar em frente ao consulado na sexta (15) e só vai sair caso receba o benefício prometido. “Eu não sou brasileira, sou peruana. E isso não me permite receber dinheiro do Brasil. Estou sem nada e eles parecem estar brincando comigo”, desabafa.

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