O presidente Jair Bolsonaro sinalizou ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que chegará a um valor final para o prorrogação do auxílio emergencial nos próximos dias. Em troca, recebeu o aceno de que o Congresso dará prioridade para análise do texto. Maia e Bolsonaro se reuniram na manhã desta quarta-feira no Palácio da Alvorada, sem a participação de ministros, deputados e assessores.
Segundo apurou o Valor, o presidente reconheceu que há uma disputa entre as alas política e econômica sobre o valor do benefício, mas indicou que espera chegar a um ponto de equilíbrio até o fim desta semana.
Em conversas reservadas, o chefe do Poder Executivo admite que a dúvida do momento é atender ao pedido de Guedes integralmente, que defende parcelas mensais de R$ 200 até que se viabilize a criação do Renda Brasil, ou ouvir os conselhos dos integrantes da ala política do governo, que querem que o beneficio seja de pelo menos R$ 300.
Ainda que o ministro da Economia alegue a necessidade de rigor fiscal, outros auxiliares tentam convencer Bolsonaro que uma diminuição expressiva do benefício pode reverter a tendência de alta da aprovação do governo. Na semana passada, o Datafolha mostrou que o presidente atingiu o maior índice de aprovação desde o início do mandato.
Durante o encontro da manhã de hoje, Maia demonstrou estar alinhado com o ministro da Economia ao defender a manutenção do teto de gastos públicos. Ontem, o presidente da Câmara lembrou, em entrevista, que o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, votou a favor da PEC do teto de gastos quando era deputado. Marinho encabeça a ofensiva por mais recursos para investimentos em obras, o que estabeleceu um embate entre ele e o chefe da equipe econômica.
Além da defesa do teto de gastos públicos, Maia destacou a importância do avanço das reformas e pediu que Bolsonaro reflita sobre o envio da reforma administrativa. O texto seria encaminhado para o Congresso apenas em 2021, mas a possibilidade de antecipar o envio ganhou força após Guedes e Marinho protagonizarem uma disputa por causa do teto de gastos.
De acordo com fontes, o presidente da Câmara afirmou ainda que é preciso resolver questões estruturais do orçamento público. Caso isso não ocorra, “o cabo de guerra” pelo Orçamento voltará a acontecer todo final de ano.