Avião de Bolsonaro arremete em MT por causa da fumaça de queimadas

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta sexta-feira (18) que o avião em que ele estava teve de arremeter ao chegar a Sinop, em Mato Grosso, pois a visibilidade “não estava muito boa”. O Pantanal enfrenta uma onda recorde de incêndios, e a fumaça das queimadas já chegou a outras regiões do país.

“Hoje quando o avião foi aterrissar, ele arremeteu. Foi a 2ª vez na minha vida que acontece isso, uma vez foi no Rio de Janeiro, e, obviamente, algo anormal está acontecendo, no caso é que a visibilidade não estava muito boa.”

Segundo a administradora do aeroporto de Sinop, havia fumaça no momento do pouso, e o piloto não tinha 100% de visibilidade da pista. A aterrissagem da comitiva, que levava ainda o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e o chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, ocorreu normalmente na segunda tentativa.

No discurso a representantes do agronegócio no estado, Bolsonaro disse que há “alguns focos de incêndio pelo Brasil” e que isso acontece ao longo dos anos.

“E temos sofrido uma crítica muito grande. Porque obviamente quanto mais nos atacarem, mais interessa aos nossos concorrentes, para o que temos de melhor, que é o nosso agronegócio”, disse.

Em referência às críticas de outros países sobre as queimadas pelo Brasil, Bolsonaro rebateu. “Países outros que nos criticam não tem problema de queimada porque já queimaram tudo nos seus países”. Nesta semana, oito países europeus enviaram uma carta ao vice-presidente da República, Hamilton Mourão, em que dizem que o aumento do desmatamento dificulta a compra de produtos brasileiros por consumidores do continente.

O presidente voltou a defender nesta sexta ainda que o país é um exemplo em preservação ambiental. Nesta quinta-feira, em evento na Paraíba, Bolsonaro disse que ‘o país está de parabéns’.

Fotos mostram antes e depois da Rodovia Transpantaneira ser atingida pelos incêndios no Pantanal de MT — Foto: Drone Cuiabá/Divulgação

Fotos mostram antes e depois da Rodovia Transpantaneira ser atingida pelos incêndios no Pantanal de MT — Foto: Drone Cuiabá/Divulgação

 

Recorde de queimadas

O Pantanal passa pelo setembro com mais focos de incêndio desde o início da série histórica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 1998: foram 5.603 focos de calor detectados em apenas 16 dias, contra 5.498 registrados no mês inteiro de setembro em 2007 – o recorde para o mês até este ano.

Em comparação a 2019, quando setembro teve 2.887 focos detectados em 30 dias, o mesmo mês de 2020 já apresenta uma alta de 94%. O número de focos neste mês está 188% acima da média histórica do Inpe para setembro, que é de 1.944 pontos de incêndio.

O fogo já destruiu 85% do Parque Estadual Encontro das Águas, refúgio das onças pintas-pintadas. Com relação à área perdida para os incêndios, o instituto apresenta os dados mensalmente: a última estimativa, contabilizada até 31 de agosto, apontava uma perda de 12% do bioma neste ano – foram 18,6 km².

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