Funcionários da OEA repudiam postagem ‘racista, homofóbica e vulgar’ de Arthur Weintraub

O ex-assessor especial do presidente Jair Bolsonaro e recentemente nomeado secretário de Segurança Multidimensional da Organização de Estados Americanos (OEA), Arthur Weintraub, foi alvo de uma nota interna de repúdio do Comitê de Funcionários da organização, que considerou uma mensagem publicada por ele na rede social Twitter “racista, homofóbica e vulgar”.

Na nota, o comitê afirma ainda que a linguagem usada por Weintraub, irmão do ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, “atrai atenção negativa não desejada pela organização e menoscaba nosso trabalho como servidores públicos internacionais para promover a democracia, os direitos humanos, a segurança e o desenvolvimento integral do hemisfério”.

No tuíte repudiado pelos funcionários da OEA, Weintraub comenta: “Um latino me disse: ‘tenemos que adaptarnos al nuevo normal’ (temos de nos adaptar ao novo normal). Respondi ‘mis huevos en la garganta de quien ha inventado esto’ (meus testículos na garganta de quem inventou isso)”.

Na mesma nota, o comitê lembra que todos os funcionários da OEA devem respeitar “a Regra 101.4, que proíbe explicitamente declarações públicas à imprensa, rádio ou outros meios de informação pública que superem os limites normais de suas tarefas. O comitê expressou sua preocupação ao secretário-geral”, o uruguaio Luis Almagro.

Nesta quinta-feira, também no Twitter, Weintraub confirmou que será Secretário de Segurança Multidimensional, cargo ao qual estão subordinados os departamentos de Segurança Pública, Crime Organizado Transnacional e Secretarias de Controle de Drogas e Combate ao Terrorismo. Em outra mensagem, agradeceu a confiança de Almagro.

A ida de Weintraub para a OEA, com sede em Washington, confirma a proximidade de Almagro com o governo Bolsonaro, que respaldou a reeleição do uruguaio, em março passado. Em paralelo, numa medida muito bem vista pelo governo brasileiro, o secretário-geral da OEA vetou a reeleição do brasileiro Paulo Abrão como secretário executivo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), alegando denúncias administrativas internas, ainda em processo de investigação.

Nos governos do PT, Abrão foi presidente da Comissão de Anistia do Brasil, secretário nacional de Justiça e presidente do Comitê Nacional para Refugiados. No comando da CIDH, denunciou violações dos direitos humanos em países como Venezuela, Colômbia, Brasil e Estados Unidos. No ano passado, alguns dos governos denunciados, entre eles o brasileiro, enviaram uma carta à CIDH pedindo que fosse respeitada a autonomia dos Estados acusados.

Como Arthur, seu irmão Abraham também mudou-se para Washington, onde ocupa um cargo no Banco Mundial. [Foto: Agência O Globo]

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