Um grande meteoro iluminou o céu do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina na madrugada desta quinta (1º).
Muitas pessoas se assustaram com o fenômeno, que foi captado por câmeras de astrônomos profissionais e amadores do Sul do país e por um satélite.
A Bramon (Brazilian Meteor Observation Network). com seus parceiros do Clima ao Vivo, e o observatório Heller & Jung registraram imagens impressionantes da queda do bólido —nome dado a meteoros que explodem com muito brilho.
O objeto teve brilho superior ao Lua cheia e por isso, pode ser chamado de superbólido.
O espetáculo clareou a noite por volta de 1h09, durante menos de dez segundos, o suficiente para ser presenciado por dezenas de pessoas do Sul do Brasil.
Intrigados, diversos internautas postaram nas redes sociais terem visto o clarão. Alguns até ouviram barulhos de explosão ou sentiram tremores; há até relatos de postes de iluminação que se desligaram.
Enquanto alguns se assustaram, outros lamentaram que o “vem, meteoro” (a tradicional brincadeira sobre um possível evento destruidor da vida na Terra) não aconteceu.
Esse foi um dos maiores bólidos já registrados no país. A Bramon estima que se tratava de um objeto com entre 3 e 10 toneladas de massa. Ele entrou na atmosfera a uma altitude de 100 km e explodiu bem acima da Serra Gaúcha, na região de Caxias do Sul (RS).
Análises preliminares, feitas a partir da triangulação dos vídeos, permitiram traçar sua trajetória.
“Ele começou a brilhar a cerca de 89,5 km sobre a Zona Rural a Leste de Caxias do Sul e seguiu na direção norte, a 16,9 km/s (60,9 mil km/h) em um ângulo de entrada de 44° em relação ao solo. Durante 6 segundos, o meteoro brilhou intensamente até sua explosão final e extinção a 22 km de altitude sobre o município de Vacaria, também no Rio Grande do Sul”, afirma a Bramon.
Devido à altíssima velocidade e ao ângulo abrupto de entrada, o corpo (um pequeno asteroide) explodiu, resultando em um superbólido.
Esse processo gerou uma onda de choque, que explica os sons e tremores sentidos pelos moradores da região.
“Os fragmentos que sobram na atmosfera em geral não são grandes, têm apenas alguns gramas, mas são tão rápido e inclinados que deslocam o ar violentamente, gerando um aumento abrupto de pressão e temperatura e o forte brilho. O que sentimos em solo é a onda de choque, e não o resultado de uma colisão com a superfície da Terra”, explica Diego de Bastiani, coordenador da Exoss, outra organização brasileira de monitoramento de meteoros.
Em solo, devem ter caído apenas pequenos resquícios bólido, que recebem o nome de meteoritos.
Essa parte que sobra é tão fragmentada que dificilmente representa algum risco a pessoas ou construções.
“Um objeto desse tamanho, com relato de barulhos, de tremor de terra, indica que sobraram meteoritos, que devem estar espalhados por uma grande área campestre. Um evento muito violento, que certamente assustou muita gente, mas que para nós é muito empolgante”, acredita Marcelo Zurita, diretor técnico da Bramon.
Imagens do satélite meteorológico GOES-16, geoestacionário a 36 mil km de altitude, mostram o clarão do bólido visto do espaço.
“Esse instrumento foi feito para detectar relâmpagos. Veja que aparecem vários sobre as nuvens. Mas tem um, no centro da imagem, que surge repentinamente onde não há nuvens. É o bólido. Por essas imagens e pelos vídeos que captamos, acreditamos que foi um evento mais intenso, mais energético, do que o que gerou os meteoritos de Santa Filomena, em agosto”, explica Zurita.
Fragmentos de meteoros são importantes aliados nos estudos sobre a formação do Sistema Solar e até sobre o surgimento da vida na Terra.
No Brasil, não existe uma regulamentação que deixe esses resquícios para pesquisa e, em eventos como esse, podem acontecer corridas por pessoas em busca das partes do meteoro para posterior comercialização.
(Foto de capa: Uol)