O presidente Jair Bolsonaro tentou se afastar nesta quinta-feira (15) do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), que era um dos vice-líderes do governo no Senado e foi flagrado pela Polícia Federal (PF) com dinheiro na cueca. Bolsonaro afirmou que “não tem nada a ver” tentar vincular seu ex-vice-líder a uma suposta corrupção do governo e disse nunca ter ouvido “nada” contra Rodrigues, mas ressaltou lamentar o caso. Chico Rodrigues foi exonerado da função, a pedido, nesta quinta-feira, um dia após a operação da PF.
— Alguns querem dizer que o caso de Roraima tem a ver com o governo porque ele é meu vice-líder. Olha, pessoal, eu tenho um total de 18 vice-líderes no Congresso. Quinze na Câmara, que foram indicados pelos respectivos lídes partidários, e três no Senado, que é de comum acordo — disse Bolsonaro, em transmissão ao vivo em redes sociais.
De acordo com o presidente, o senador “gozava do presítigo e do carinho de quase todos”:
— Esse senador, desse caso de Roraima, é uma pessoa que gozava do prestígio e do carinho de quase todos. Eu nunca vi ninguém falar nada contra ele. Aconteceu esse caso, lamento. Hoje, ele foi afastado da vice-liderança. Agora, querer vincular o fato de ele ser vice-líder a corrupção do governo, não tem nada a ver.
Bolsonaro afirmou que o seu “governo” é o conjunto de ministérios, estatais e bancos oficiais:
— É o tempo todo querendo me vincular a corrupção. Pode haver corrupção em meu governo? Pode, e nós vamos tomar providência. Esse caso não tem nada a ver com o meu governo. O meu governo são ministros, estatais e bancos oficiais.
Na semana passada, Bolsonaro disse que acabou com a Operação Lava-Jato porque “não tem mais corrupção” em seu governo. Nesta quinta-feira, afirmou que a Lava-Jato continua funcionando para o resto do Brasil porque a corrupção está “enraizada”:
— Não é fácil (combater a corrupção). A corrupção está enraizada no Brasil, coisa de anos — disse. — Para o Brasil, (a Lava-Jato) está funcionando. E com toda a certeza teremos operações da Lava-Jato até o final do ano.
‘Apanhei muito’, diz presidente sobre soltura de André do Rap
Durante a transmissão, Bolsonaro também comentou o caso do traficante André Oliveira Macedo, conhecido como André do Rap, solto por determinação do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão foi posteriormente revogada pelo presidente do STF, Luiz Fux. A decisão de Fux foi confirmada nesta quinta-feira pelo plenário do STF, por 9 votos a 1
Marco Aurélio determinou a soltura com base em um trecho do pacote anticrime, sancionado em dezembro por Bolsonaro, que alterou o Código de Processo Penal. Bolsonaro afirmou que “apanhou” por isso:
— O Supremo decidiu agora, por 9 a 1, que aquele mega traficante viesse a pemanecer preso. Quando saiu a decisão monocrática de um ministro, pela sua liberdade, eu apanhei. “Ah, foi a lei do Bolsonaro que ele sancionou em dezembro que permitiu a soltura do mesmo”. Bem, apanhei bastante. Eu sou o culpado de tudo, responsabilizado por tudo aqui no Brasil — disse ele na transmissão.
Bolsonaro afirmou que a lei é uma questão de “interpretação”, mas que ele nunca soltaria um traficante.
— Então, quando ele foi posto em liberdade por uma decisão monocrática de um ministro, deram pancada em mim. E agora, nove outros ministros falaram que devia estar preso. E aí? Quem está certo e quem está errado? Os nove ou o um? Você que decide aí, porque eu não vou entrar nessa polêmica, não sou ministro do Supremo Tribunal Federal. Eu jamais botaria em liberdade um elemento como esse.