Discussão entre internauta e músico acreano gera reflexão sobre combate ao racismo

Na última segunda-feira (19) o músico e candidato a vereador, Dito Bruzugu (PDT), ao apresentar suas propostas para um internauta, foi questionado sobre estas.

Na rede social de Bruzugu, seu seguidor indagou: “Qual a proposta religiosa?”. O candidato respondeu que não possuía vínculos religiosos, e, portanto, não teria o que apresentar sobre. O internauta, no entanto, contestou: “Muito menos preto! E tava aí, todo nas causas raciais!”

 

Dito, por sua vez, respondeu ao seguidor que esta é uma pauta de grande relevância social, apontando que, sua mãe e irmão são negros, e mesmo sendo branco, possui o compromisso com a causa antirracista.

Bruzugu, ainda salientou: “A causa negra é humanista”. O ContilNet entrou em contato com o candidato, que sobre o episódio desta segunda, disse:

“Neste caso, em específico, achei graça. […] Não entendi a ligação que ele fez com religiosidade, tendo em vista que são dois assuntos diferentes. Sempre que faço postagens sobre feminismo e o combate ao machismo, recebo comentários dizendo: ‘Mas você não é mulher’. De fato, existem limites para os aliados de causas políticas, não precisamos dizer aos protagonistas destas o que devem fazer. Contudo, todo apoio é importante, enriquece e agrega ao debate.”

A artista e membro da Academia Juvenil Acreana de Letras (AJAL), Hellen Lirtêz, ressaltou a importância da discussão racial dentro do território brasileiro:

 “A causa antirracista deve ser de todos, pois o racismo não é um problema preto. Na verdade, o racismo é um problema estrutural. Temos este problema atualmente, devido aos processos coloniais que tivemos no Brasil. Estes processos foram tão intensos que permeiam até os dias de hoje em nossa sociedade. Não é comum que em um país majoritariamente preto, como o nosso, tenhamos poucos negros ocupando espaços e cargos de poder.”

Izis Melo, professora da rede estadual, atualmente lotada na Divisão de Educação em Direitos Humanos e Diversidade, trouxe algumas ressalvas sobre tema. Como ativista, é sócia do Centro de Direitos Humanos e Educação Popular do Acre (CDDHEP), compondo também a organização do Movimento Negro Unificado (MNU).

“Se olharmos para o viés educacional a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) salienta que o Currículo Escolar deve tratar desta discussão. Estas discussões também acontecem na área da Saúde e em outros segmentos da sociedade. O debate racial no nosso estado vem com algumas nuances. Temos aspectos próprios na formação do Acre, por exemplo, a presença de povos indígenas (outro grupo minoritário) e a inexistência de Comunidades Remanescentes de Quilombos. Estes fatores, se entrelaçam, e muitas vezes, são poucos discutidos, tornando-se invisíveis por outros grupos sociais.”

 

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