O jornal New York Times revelou nesta terça-feira (20) detalhes sobre os negócios — ou tentativas de realizar negócios — do presidente Donald Trump no mercado chinês, incluindo a abertura de uma conta bancária no país, mantida por uma de suas empresas.
A China é um dos países mais atacados pelo republicano, e está no centro de algumas das maiores disputas de seu mandato, como a guerra comercial e, mais recentemente, as acusações envolvendo a pandemia do novo coronavírus.
Usando informações fiscais do presidente relativas aos anos de 2000 a 2017, obtidas há algumas semanas pelo jornal e publicadas em uma série de reportagens, o New York Times aponta a existência da conta mantida pela Trump International Hotels Management L.L.C. Não há dados sobre o saldo dessa conta, ou mesmo em qual instituição bancária está sendo mantida.
A empresa é a responsável pelo gerenciamento das propriedades ligadas ao presidente pelo mundo, incluindo hotéis, torres comerciais e campos de golfe. O jornal afirma que cerca de US$ 188 mil foram pagos em impostos ao Fisco chinês entre 2013 e 2015.
Além da China, as empresas de Trump têm contas no Reino Unido e na Irlanda, onde o presidente possui campos de golfe.
Trump já tentava fazer negócios com o mercado chinês bem antes de chegar à Casa Branca. Segundo o New York Times, em 2008, ele tentou levar adiante um projeto para uma torre em Guangzhou, sem sucesso. Anos depois, abriu cinco empresas especificamente para tentar fechar negócios, além de um escritório em Xangai, em um investimento estimado em cerca de US$ 200 mil.
Um dos poucos projetos a ir adiante envolveu a Companhia Nacional da Rede Elétrica da China, uma das maiores estatais do país. O plano envolvia uma parceria a ser desenvolvida em Pequim, mas que acabou enterrada em meio a investigações sobre corrupção na empresa, já em meio à campanha presidencial de 2016.
Mas o jornal nota que apenas a Trump International Hotels Management L.L.C. tem uma conta na China, e não há informações detalhadas sobre suas ações no país, apenas sobre a operação global. Ele cita, por exemplo, um salto nos rendimentos da empresa em 2017, acompanhados por um grande saque de uma conta corporativa do grupo empresarial de Trump — essa variação estaria relacionada à compra de um hotel em Nova York.
O advogado da Organização Trump, Alan Garten, afirma que as informações não trazem qualquer indício de irregularidade. Sobre o escritório de Xangai, afirma que “nenhum acordo, transação ou outras atividades relacionadas a negócios se materializaram e, desde 2015, ele permanece inativo”. Sobre a conta bancária, diz que ela segue aberta, mas “não foi usada para nenhum outro fim”. Ele ainda afirma que a variação nos rendimentos da Trump International Hotels Management L.L.C em 2017 não tem relação com a China.
Investidores
Se Trump não teve tanto sucesso investindo na China, não se pode dizer o mesmo de seus negócios com investidores chineses em suas propriedades. O New York Times cita o grande número de pessoas físicas e empresas interessadas em empreendimentos na Colúmbia Britânica (Canadá) e Las Vegas, em uma ação que chegou a ser investigada pelo FBI.
Pouco depois de vencer a eleição de 2016, ele vendeu uma cobertura em um de seus prédios em Nova York por US$ 15,8 milhões a uma empresária chinesa, Xiao Yan Chen, dona de uma empresa de consultoria internacional e apontada pelo jornal como dona de ótimas conexões dentro do governo chinês. Essa venda foi listada na declaração de renda de Trump de 2017 como um ganho capital de US$ 5,6 milhões. [Foto de capa: Thomas Peter/Reuters]