Artigo: Você é um procrastinador?

Nas últimas décadas, a sociedade tem enfrentado muitos desafios e mudanças em diversos campos da carreira, da família, da sociedade e da vida pessoal, e os indivíduos são obrigados a fazer ajustes e readaptações para continuar a promover suas atividades diárias e alcançar seus objetivos.

Enquanto buscam atingir essas metas, estes indivíduos são direcionados de forma consciente – e até inconscientemente – a realizar tarefas e obrigações, pois essas atividades estão intimamente relacionadas ao desejo urgente de compensação, que funcionam como mecanismos da nossa mente cujas funções são importantes para direcionarmos o nosso eu, ou seja, a nossa consciência para atividades regulares.

No entanto, muitos de nós adquirimos hábitos descompensados ou contraprodutivos, chamado na atualidade de procrastinação, que está associada à postergação ou adiamento de uma atividade ou compromisso para um segundo momento.

Muitos associam esse hábito à preguiça, desleixo e irresponsabilidades, porém há indícios de que fatores emocionais e fisiológicos podem estar vinculados à essa prática. Todavia, a procrastinação não é considerada uma doença.

Entre as causas emocionais ou psicológicas, a baixa autoestima, o medo e a insegurança do que podem pensar a seu respeito, a incerteza de exibir os resultados de um trabalho/tarefa, medo de críticas e falta de autoconsciência são características de um procrastinador.

Quanto aos aspectos fisiológicos podem estar relacionados à uma parte do nosso cérebro denominado córtex pré-frontal, cuja incumbência é direcionar o nosso pensamento e comportamento à objetividade, ou seja, às atividades a serem realizadas no momento correto. No entanto, quando esta parte do nosso cérebro não é bem desenvolvida, pode acarretar traços de um procrastinador.

Por que o hábito de procrastinar pode fazer mal à nossa saúde? Porque pode se tornar um ciclo vicioso, uma tendência comportamental cujo intuito é adiar uma decisão ou ação para aliviar o estresse ou tensão ocasionados pela resolução de uma situação, gerando um prazer imediato e, com isso, o procrastinador busca convenientemente essa sensação com frequência. 

Contudo, para o indivíduo que tem o hábito de procrastinar, a perda de ação se refletirá na produtividade em seu trabalho, o que por sua vez leva a uma perda na sua vida emocional ocasionando progressivamente a somatização de outros sintomas ou doenças, como depressão e ansiedade.

A tomada de consciência sobre ser um procrastinador já se torna um fato importante para a modificação deste hábito, pois ele se percebe como um indivíduo que precisa de mudança. Para tanto, é necessária a aquisição de novos costumes, incluindo procedimentos rotineiros preferencialmente aqueles que são prioritários.

Em segundo lugar, determine a causa do atraso e o que causa esse comportamento. Ao identificar isto, o indivíduo assume o compromisso de evitar que certos comportamentos o impeçam de atender às necessidades que lhe foram atribuídas.

Terceiro: é importante realizar uma atividade por vez e com pausas de tempo, para não cair na cilada de fazer várias atividades e não chegar de fato no término de nenhuma.

Por fim, procure eliminar os estímulos externos, que envolvem redes sociais, o acompanhamento de séries ou novelas etc. O melhor é estabelecer um momento adequado para esta prática, de forma a não afetar as conquistas diárias e importantes do trabalho, do estudo e da vida pessoal.

*Jirlany Marreiro da Costa Bezerra é docente mestre EBTT de Psicologia do Instituto Federal do Acre – IFAC

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