A pandemia da covid-19 expôs o alcance que a tecnologia já tem e o quanto ela pode aprimorar as atividades humanas – desde as mais simples e corriqueiras até aquelas capazes de afetar a sociedade de forma permanente.
Nos últimos meses, aprendemos que um dia de trabalho, uma aula de ensino médio ou uma festa de aniversário podem ser perfeitamente realizados à distância. Mas a tecnologia permite muito mais do que isso: desde aprender a jogar poker online até conhecer os principais museus do mundo na tela do computador.
Outra área em que assistimos mudanças importantes foi na educação com a adoção do ensino remoto em função da pandemia. Nesse ínterim, também a educação, como todas as áreas, precisa se alinhar à atualidade tecnológica para oferecer a melhor formação possível a crianças, adolescentes e adultos. Para isso, não basta apenas transferir o modelo tradicional de ensino para a plataforma virtual e adaptá-lo à realidade de hoje, em que uma torrente desconexa de informações está disponível a todas as pessoas com acesso à internet.
É nesse contexto que surgiu o termo educação 4.0, que se refere a uma nova configuração do ambiente de aprendizagem: o professor deixa de ser o “dono” do conhecimento que deve ser transmitido ao aluno e se torna um mediador, responsável por guiar o acesso do aluno às informações que estão disponíveis por toda a parte.
A educação 4.0 coloca o foco em torno dos alunos e tem o objetivo de potencializar as habilidades de cada um. Ela entende que, hoje em dia, repassar o conteúdo ao aluno deixou de ser o mais importante, porque a tecnologia vai repassá-lo de qualquer forma. Agora, o foco precisa estar em aprimorar o raciocínio crítico do aluno, para que ele saiba diferenciar as informações verdadeiras das falsas, selecionar o que lhe é mais relevante e desenvolver posições inteligentes em torno dos assuntos.
Confira a seguir alguns modelos criativos de aprendizado que usam a tecnologia e estão modificando a sala de aula:
Ensino híbrido
Uma das tendências mais fortes resultantes do impacto dos avanços tecnológicos na educação é o ensino híbrido. Ele consiste, basicamente, em alternar o aprendizado entre a sala de aula presencial e o ambiente virtual, fortalecendo os pontos fortes de cada um e fazendo com que os ensinos presencial e à distância funcionem como complemento um do outro. No ambiente presencial, é estimulada a interação entre os alunos, como em trabalhos em grupo e debates. Já no ambiente virtual, o aluno toma o controle dos instrumentos que utiliza para desenvolver o seu conhecimento. Porém, além de prever que cada aluno faça suas leituras fora da sala de aula presencial, o ensino híbrido também pode promover a disponibilidade do professor de tirar dúvidas e orientar os estudos através de plataformas digitais.
Gamificação
Às vezes, o conceito de gamification (em inglês) é explicado simplesmente como levar videogames à sala de aula. Na verdade, o conceito é muito mais amplo. Embora a utilização de videogames convencionais não seja descartada, a gamificação consiste em inserir no processo de ensino-aprendizagem os mesmos elementos que despertam o interesse dos jovens nos videogames, como desafios, competição, pontuações, níveis, rankings e premiações. A gamificação propicia com que a aprendizagem seja mais atraente, pois o aluno deixa de considerar o processo de ensino como algo desinteressante. Além disso, o aluno passa a ter controle sobre o conteúdo que assimila, que se torna dinâmico e lúdico. O método também estimula a interatividade, a persistência e o trabalho em equipe.
Colaboração online
Esta é uma prática mais difundida e que depende apenas dos alunos. Os recursos da internet permitem que várias pessoas colaborem, ao mesmo tempo, em trabalhos em grupo. É possível não apenas realizar uma videoconferência como também que várias pessoas editem o mesmo documento simultaneamente. Essa é uma saída para problemas de espaço físico.
Plataformas de ensino
São plataformas mantidas pelas instituições de ensino que concentram informações de interesse do aluno, como notas, faltas, histórico e utilidades. As plataformas também podem oferecer ferramentas como canais de comunicação entre aluno e professor, tarefas e materiais didáticos. Além disso, é possível disponibilizar informações e canais de comunicação com os responsáveis pelos alunos.
Todas essas mudanças no processo educacional certamente poderão impactar e revolucionar a educação, mas desde que atreladas a um bom projeto pedagógico. Sem isso, apenas a tecnologia não funcionará.