Mãe e filho diagnosticados com Covid-19 morreram neste sábado (5) em Franca (SP). Segundo os atestados, os óbitos ocorreram com um intervalo de pouco menos de sete horas.
Zenaide Barbosa de Oliveira, de 84 anos, e Mateus Barbosa Oliveira, de 45 anos, estavam internados desde o fim de novembro no Centro de Terapia Intensiva (CTI) de um hospital particular.
Filho e irmão das vítimas, o químico Joel Barbosa de Oliveira disse que a família está devastada com as perdas. “Nós estamos nos sentindo despedaçados. Estamos um caco.”
O corpo de Zenaide foi enterrado no Cemitério Parque Santo Agostinho e o de Mateus, no Cemitério da Saudade.
Sintomas
Joel afirma que a mãe e o irmão começaram a apresentar sintomas da doença após passarem um fim de semana juntos. Segundo ele, durante a semana, dona Zenaide tinha a companhia de cuidadoras, mas costumava ficar os sábados e os domingos na casa dos filhos.
No dia 23 de novembro, Mateus procurou atendimento médico por causa de um quadro leve de febre e sinusite. Como os sintomas pioraram, ele voltou ao hospital três dias depois.
“Na quinta-feira, ele começou a sentir falta de ar e um começo de tosse. Fizeram tomografia e ele já estava com 70% do pulmão tomado. Ele internou, ficou na enfermaria. Na madrugada de sábado pra domingo, levaram pra UTI porque a saturação estava caindo de novo”, diz Joel.
Segundo o químico, dona Zenaide só apresentou a suspeita da doença cinco dias após o filho. Ela teve tosse e foi levada ao mesmo hospital onde Mateus estava internado.
A idosa foi atendida, recebeu um protocolo de tratamento e foi orientada a ficar em casa, monitorando inclusive a saturação.
“Na sexta-feira (30), ela agravou muito, a saturação caiu pra 86. Nós corremos e fizeram o mesmo procedimento que fizeram com meu irmão. Fizeram a tomografia, o pulmão estava tomado. Ela internou, ficou uma semana na UTI e morreu.”
Mortes
Dona Zenaide morreu às 10h15 deste sábado. Cerca de seis horas e meia depois, a família recebeu a notícia da morte de Mateus, registrada às 16h55.
“Minha mãe tinha bronquite asmática. Talvez o quadro dela evoluiu bem mais rápido por isso, pela idade e pela bronquite asmática. Meu irmão jogava bola, era professor, tinha uma vida normal, não tomava remédios”, afirma Joel.
Mateus era casado e pai de dois filhos. A mulher e o filho caçula dele, de 18 anos, também tiveram a doença, mas passam bem.
Segundo Joel, o irmão era professor em uma escola de idiomas. “Meu irmão tinha uma escola de inglês. Ele, a esposa, que era professora, e os outros professores estavam na escola, mas com aulas on-line. Eles se adaptaram ao sistema e continuaram trabalhando”, diz.
Nas redes sociais, amigos e familiares fizeram várias homenagens à família. Ainda muito abalado com as mortes, Joel faz um alerta às pessoas para que não descuidem das medidas preventivas contra o coronavírus.
“O distanciamento nós estamos respeitando, mas não estamos ficando em casa, porque a gente tem que trabalhar. A vida social acabou. O recado que eu deixo é que não passou ainda [a doença]. Se cuidem, porque a chuva não acabou.”