Na lista das músicas mais ouvidas nas plataformas de streaming, um estilo para além do sertanejo se destaca: o piseiro. Essa vertente do forró, marcada por “solinhos” de teclado, ganhou força, principalmente, com Os Barões da Pisadinha. Formada pelos amigos baianos Rodrigo, de 28 anos, e Felipe, de 32, a dupla ainda não tem uma teoria cravada, mas suspeita do que fez o ritmo bombar.
— Foi Deus mesmo. E, acho, a nossa simplicidade. É isso que, de fato, a gente gosta de ouvir. As pessoas se identificaram com as histórias de término e início de relacionamento. Eu me sinto realizado ao ver que um ritmo nordestino teve seu espaço reconhecido — diz Rodrigo.
No YouTube, eles ocupam o terceiro e o quinto lugares das músicas mais executadas em dezembro; no Spotify, estão em terceiro entre as mais tocadas de 2020, assim como no Deezer. Mas, em um estudo da SeniorLab, que usa esta última plataforma para detectar o consumo dos mais de 60 anos, os Barões foram para o topo, desbancando Roberto Carlos.
— É isso que tentamos fazer: agradar a todos os públicos. Mas foi uma surpresa. É um sonho nosso, e vejo como desafio, cantar com o Rei — suspira Rodrigo.
Juntos há cinco anos e antes denominados Barões do Forró (rebatizados pelo público anos mais tarde), eles começaram a fazer barulho no YouTube em 2019 com “Tá rocheda”. Nem tinha clipe. A repaginada veio quando assinaram com a gravadora Sony, lançaram DVD e, antes da pandemia, estavam fazendo 35 shows por mês.
— Comecei a viver exclusivamente da música este ano. Como não éramos estourados, buscávamos outros meios de sobrevivência. Já fui ajudante de pedreiro, cuidador de idoso, trabalhei em padaria… — enumera Rodrigo.
E tudo porque o cachê não era lá grande coisa:
— O primeiro show foi de graça. O contratante enrolou, enrolou e deu R$ 5. Hoje, já é um pouco diferente (risos). Mas é porque a responsabilidade aumentou. Empregamos 22 pessoas. É incrível ver que conseguimos contribuir com o sustento de tanta gente.
Mas o que enche mesmo Rodrigo de orgulho é um desejo que realizou, graças ao trabalho:
— O que eu mais queria, e consegui, era tirar minha mãe da função de diarista. Hoje, vivendo num sítio na Bahia, quero que ela cuide da própria vida e que só lave chão e panela se quiser.
Já sobre metas profissionais, ele prefere não pensar muito, embora reforce que tenha muito ainda o que conquistar.
— Nunca pensamos que estouraríamos assim. Ainda nem acreditamos, eu vivo do mesmo jeito que antes. Queremos nos superar, mas não pensamos “temos que ser número 1”.