Enem: veja dez temas que podem aparecer na prova de redação

Aplicada no primeiro dia do exame (17 de janeiro, na versão impressa; e 31 de janeiro, na digital), a redação do Enem é a que mais gera expectativa nos candidatos.

Entre os citados, estão tabagismo, cultura do cancelamento e adoção no Brasil.

— Independentemente do tema que pode vir a ser escolhido, é de extrema importância que os alunos entendam a dinâmica das propostas de anos anteriores e as especificidades envolvidas no gênero cobrado. Isso fará com que eles entendam a lógica dos temas, o que possibilitará a criação de estratégias para o desenvolvimento da estrutura textual e a obtenção da profundidade argumentativa — explica o professor David Gonçalves, do Colégio e Curso AZ.

A prova de redação do Enem exige dos candidatos a produção de um texto dissertativo-argumentativo. Em geral, o foco é em assuntos que transitam entre quatro esferas: social, tecnológica, cultural ou política.

Já a correção analisa cinco pontos:

1. Domínio da escrita formal da língua portuguesa; 2. Compreender o tema e não fugir do que é proposto; 3. Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista; 4. Conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação; e 5. Respeito aos direitos humanos. Cada uma vale 200 pontos.

Veja os possíveis temas

1. A importância da inclusão dos autistas na sociedade brasileira

Aposta da professora Tatiana Nunes Camara, do Colégio Mopi, do Rio, o tema ganhou destaque em 2020 com a criação da Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), lei sancionada pelo presidente Bolsonaro.

“A ideia de inclusão está bastante presente nesse tema, em virtude do preconceito que insiste em permanecer na postura de muitas pessoas quando se fala no autista convivendo na sociedade”, afirma.

2. Os desafios para se combater o tabagismo no Brasil

Desde 2018, o tabagismo é responsável pela morte de 1 em cada 10 pessoas no mundo e tem crescido no mundo desde o ínicio do século.

“No Brasil, os números melhoraram, mas ainda estão longe do ideal e as mortes provocadas pelo consumo de tabaco ainda são expressivas e demandam gastos relevantes por parte do governo brasileiro”, explica Camara, que aponta o tema como uma possibilidade para o Enem 2020.

3. Capacidade de reação do Brasil a novos desafios na saúde pública

Segundo o professor David Gonçalves, do Colégio e Curso AZ, é possível imaginar o tema nesta edição do Enem quando se toma o ano de 2020 como referência.

“Isso não significa, no entanto, que é necessário, nesse caso, escrever uma redação sobre a pandemia. O que está em jogo é a capacidade do aluno de, a partir do cenário que se estabeleceu – e ainda se estabelece -, compreender como um novo desafio de saúde pode fazer com que um país repense suas práticas e seus métodos de ação”, diz.

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4. Trabalho remoto

A professora Elaine Antunes, do Curso Escreva, afirma que aposta em temas relacionados à pandemia e seus efeitos no cotidiano dos brasileiros.

“Tenho orientado os alunos a buscarem reflexões sobre diversos aspectos da quarentena e um desses temas é o trabalho em casa. A população teve que se adaptar de alguma maneira para as exigências do trabalho”, diz.

5. A privatização de espaços públicos

Esse é outro tema que Antunes sugere. “É preciso pensar sobre negligência do estado na conservação e organização dos espaços públicos e até que ponto eles precisam da intervenção de empresas privadas”, explica a idealizadora do curso e especialista em redação há mais de 20 anos.

6. Mudança nos hábitos de consumo na contemporaneidade

Segundo Luciana Bonfim, professora de redação do Colégio Pensi, é possível que o tema seja abordado e o aluno pode abordar diferentes olhares, como consumismo, consumo na modernidade e na contemporaneidade, veganismo, práticas saudáveis na relação de consumo, metodologias menos impactantes de utilização de bens e da terra.

7. A cultura do “cancelamento” na era digital

Na avaliação de Bonfim, essa é uma espécie de “justiça social”, na qual uma pessoa é excluída de uma posição de destaque ou fama por ter cometido algum desvio.

“Qualquer um tem a possibilidade de ser ‘cancelado’ por motivos envolvendo esferas de ordens sociais, culturais, econômicas, religiosas, pessoais e outras mais, basta apenas uma imagem ou fala distorcida ou não do seu contexto”, diz.

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8. Combate ao analfabetismo

O professor Romulo Bolivar, do ProEnem, afirma que uma possibilidade é o combate ao analfabetismo no Brasil.

“Apesar de que o número de pessoas que não sabem ler e escrever tem diminuído bastante, ainda é muito grande. O grupo que mais sofre com isso são negros, pardos, idosos e nordestinos. Isso significa que trata-se de um problema que confirma outras desigualdades sociais e preconceitos”, diz.

9. Violência contra idosos

Bolivar afirma que, além abordar uma minoria que tem sofrido bastante sobretudo na pandemia, o tema trata de um grupo que tem recebido atenção do governo Bolsonaro.

Em 2020, o quadro de violência contra os idosos aumentou bastante. Em abril, quando o isolamento já durava um mês, a violência geriátrica quase que quintuplicou, saindo de 3 mil denúncias em março para 17 mil em abril deste ano. Os dados são do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMDH).

10. Os desafios para a adoção no Brasil

Segundo Tatiana Nunes Camara, do Mopi, esse é um assunto importante e necessário para ser discutido.

“A questão da adoção no Brasil ainda é um tema delicado porque, apesar de as leis brasileiras estarem mais flexíveis em determinados aspectos, ainda se observam alguns entraves, sem falar na própria postura dos adotantes que, muitas vezes, têm um nível de exigência de perfil de adotado bastante excludente, o que dificulta ainda mais o processo e o torna mais moroso”, diz.

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