O secretário de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) do Acre, Paulo Cézar dos Santos, chamou de “aberração” a decisão do Ministério da Saúde (MS) de vacinar presos antes de policiais, contra a Covid-19. O termo foi usado em entrevista exclusiva ao ContilNet.
Na sexta-feira (5), ele assinou uma carta, endereçada ao ministro Eduardo Pazuello, em que demonstra insatisfação em relação à medida e pede a revogação dessa prioridade. A carta tem as assinaturas de outros secretários de segurança do país.
“Desde novembro que nós estamos tentando reverter a ordem de prioridade estabelecida. Fizemos tratativas com o ministro da Justiça, que ficou de equacionar o problema. Estávamos aguardando. E a nova publicação do Plano Nacional [de Imunização] ia resolver essa questão, priorizando a vacinação dos profissionais de segurança já na segunda fase. Contudo, para a nossa surpresa, nos deparamos com essa aberração de os presos serem priorizados”, lamentou o gestor, referindo-se ao documento emitido nesta semana pelo MS.
O material coloca apenados na 17ª posição de prioridade. Agentes do sistema carcerário aparecem em 18º e forças de segurança e salvamento em 21º.
Paulo Cézar justificou seu posicionamento frisando que os detentos estão isolados e sem contato com o público externo, ao contrário dos agentes. “O único ou principal vetor de contágio de presos é por meio dos policiais penais, pois são os únicos a manterem contato com os presos, pois as visitas estão suspensas. Assim, o lógico seria vacinar primeiro os policiais penais”.
No Acre, mais de 1500 profissionais da segurança testaram positivo para o coronavírus, segundo dados oficiais. Entre eles estão policiais civis (151), militares (703) e penais (432), bombeiros (115) e agentes socioeducativos (108). Quatro deles morreram. Já o número de detentos contaminados passa dos 270, com duas mortes, uma em Cruzeiro do Sul e a outra em Senador Guiomard.
O secretário afirmou que desde o início da pandemia os profissionais de segurança tiveram demandas de trabalho ampliadas, passando a agregar atividades de fiscalização sanitária e de implementação do isolamento social, estando, por isso, mais expostos ao vírus.
“Imunizar os profissionais de segurança é fundamental para garantir a plenitude do serviço de manutenção da ordem, pois atualmente temos parcela significativa de profissionais afastados do serviço por terem contraído Covid-19, além de 27% do efetivo total ter testado positivo para a doença, ou seja, uma média de contaminação quatro vezes maior do que a registrada na população acreana”, finalizou.