O governo do Estado do Acre, com menos de um milhão de habitantes mas que já caminha para pelo menos um mil e 500 vítimas da pandemia do cornavirus, sofreu um duro golpe na noite desta segunda-feira (26). Os gerentes da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), reunidos em São Paulo, reprovaram a importação da vacina russa Sputnik V pelo governo brasileiro, com a qual o consórcio de governadores, dos qual o Acre faz parte, queriam importar doses necessárias à imunização de suas populações.
Os técnicos da Anvisa apontaram a falta de documentação e possíveis riscos à saúde como alguns dos motivos que os levaram a rejeitar a vacina por enquanto. Os relatórios técnicos servem para embasar a decisão da diretoria colegiada da Anvisa. Cinco diretores vão votar ainda nesta noite de segunda-feira (26), mas os primeiros votos denotam impedimento de importação da vacina.
São os técnicos que dão a palavra final sobre a aprovação ou não da importação do imunizante russo. Em reunião com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, governadores oferecem a Sputnik V como alternativa à falta de vacinas no Brasil.
O Supremo Tribunal Federal (STF)_deu prazo ao consórcio de governadores e de prefeitos para a importação do produto. Estados e municípios adquiriram meios de cumprir extraordinariamente a decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski, que concedeu um prazo de 30 dias para que a agência reguladora decidisse sobre o uso do imunizante. A Anvisa chegou a recorrer do prazo, que venceria nesta semana, mas o ministro indeferiu o pedido nesta segunda.
O gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes, informou que a Sputnik V pode ser prejudicial à saúde humana. Isso porque a vacina usa um tipo de vírus que naturalmente se replica. “Isso significa que o vírus que deve ser utilizado apenas para carregar material genético do coronavírus para as células”.
O governo do Acre, pelo governador Gladson Cameli, chegou a anunciar negociações para comprar 700 mil doces da vacina – o que seria suficiente para imunizar praticamente toda a população do Acre. Com a decisão, o governo do Acre volta à esta zero em relação à importação de vacinas e passa a depender do governo federal, nas dosagens de lotes enviadas ao Estado.
A ironia é que a Bolívia, país que faz fronteira com o Acre, está imunizando sua população basicamente coma vacina russa e até aqui não houve nenhuma adversidade entre imunizados bolivianos.
A decisão dos membros da Anvisa ainda não é definitiva. Eles continuam votando esta noite.