A paralisia facial foi uma das complicações que Alan Richard Costa do Nascimento, de 30 anos, teve após se infectar com a Covid-19 em novembro do ano passado. Ele parou de sorrir e piscar de uma hora para a outra.
Mal-estar e febre foram os primeiros sintomas que Alan sentiu enquanto estava no trabalho. Ele conta que de início não fez o teste para confirmar se era Covid-19.
“Senti muita dor no corpo e fui para casa. Lá vi como estava minha temperatura. Era uma febre muito alta”, lembra.
Depois de alguns dias com febre e dor no corpo, Alan também perdeu o paladar. Ele conta que esse foi o momento em que decidiu, enfim, fazer o teste para saber se estava com o coronavírus.
“Não queria ir para o posto de saúde, pois achei que poderia ser outra coisa, mas passei a perder o paladar, a febre começou a não dar mais trégua. Fiz o teste e deu positivo”. A paralisação no rosto, descreve Alan, aconteceu enquanto dormia.
“Uma noite, quando fui dormir, ainda nos primeiros sete dias, eu acordei com paralisação no rosto. Naquele momento minha vida mudou”.
“A paralisação mexeu muito com minha autoestima”, diz Alan durante sessão de fisioterapia — Foto: Alan Richard/Arquivo pessoal
Alan conta que não precisou ser internado, pois os pulmões não foram afetados pelo vírus. O sistema nervoso foi o mais prejudicado.
“Minha auto estima estava muito baixa, não me olhava mais no espelho, não conseguia falar com as pessoas, pois tinha vergonha. Tive que superar todos esses obstáculos para superar essa doença e graças ao Vanderlei [fisioterapeuta] e as pessoas mais próximas tenho superado a cada dia”, ressalta.
Fisioterapia
O fisioterapeuta Vanderlei Nascimento, que também foi infectado pelo coronavírus ano passado, é quem tem tratado, junto com a fisioterapeuta Adria Silva, o Alan. Os fisioterapeutas lembram como o paciente chegou no estúdio há quatro meses.
“Com as duas faces paralisadas, a mandíbula caída, não conseguia fechar o olho por completo, bem debilitado”.
“Ele teve que aprender a sorrir, a fazer bico, a piscar e aprender a fechar o olho, todos os movimentos de estimulação. Ele veio bastante desanimado, mas teve uma grande melhora. O tratamento ainda segue para que ele possa ter total autonomia do próprio corpo”, diz o profissional.
Vírus complexo
Para o infectologista Rodrigo Almeida o vírus é complexo e ainda é estudado o que ele pode fazer contra os infectados.
“A Covid pode “pegar” o sistema nervoso resultando essas paralisias na face. Ela pode pegar só no intestino, já vi pacientes que tiveram diarreia, há também pessoas que tiveram alterações nos exames de fígado. É um vírus muito complexo. Têm pessoas que tem ficado inclusive com ansiedade”, pontua.
A paralisia facial é uma condição frequente e pode ser decorrente de uma doença como o AVC, um tumor ou meningite, de um trauma ou causada por vírus.