Professora concursada da rede estadual de ensino, com formação em história e pós-graduação em assessoria política e parlamentar pela Universidade de Brasília(UnB) Márcia Espinosa Bittar, mãe de três filhos, é ex-esposa do senador Marcio Bittar. O casamento entre ambos deu-se num sábado no dia 28 de janeiro 1989, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, onde o casal se conheceu e se casou.
Na época, Márcio já vivia no Acre, trabalhando em companhia do pai, o produtor Mamédio Bittar, numa fazenda na BR-364, distante 24 quilômetros de Sena Madureira. No dia seguinte, de volta ao Acre, o casal recém-casado pegou um avião monomotor, o chamado teco-teco, para Sena Madureira, num voo de pouco mais de 20 minutos. A dificuldade, no entanto, foi chegar, a partir de Sena Madureira, à sede da fazenda, numa estrada na qual não havia um palmo de asfalto. “Tivemos que viajar, de Sena Madureira para a sede da fazenda, pendurados num trator, para escapar dos atoleiros. Foi assim nossa lua de mel”, relembrou Márcia.
A menina nascida na cidade grande havia, portanto, sido batizada como uma acreana que passaria a acompanhar o marido numa carreira política que incluiu algumas vitórias, mas também derrotas. Isso não a fez perder a fé na política nem tampouco nos acreanos, que, aqui e acolá, ventilavam seu nome como pré-candidata a deputada federal. No entanto, ela teve que retirar as possíveis candidaturas para que o marido pudesse ser candidato majoritário para a acomodação entre os partidos que o apoiavam.
Em entrevista ao ContilNet, Márcia Bittar, como uma das poucas historiadoras a não se tornar comunista, se declara candidata ao Senado com um perfil liberal e com o apoio do ex-marido e do presidente da República, Jair Bolsonaro.
A seguir, os principais trechos de uma entrevista:
ContilNet – A senhora, por mais de 30 anos, esteve por trás, nos bastidores, das campanhas políticas que envolviam o seu então marido, o senador Márcio Bittar. Por que agora a senhora quis sair dos bastidores para vir ao centro do palco como candidata ao Senado?
Márcia Bittar – Marcio foi candidato a governo em 2014 e candidato ao Senado em 2018. Em ambas as eleições, meu nome foi fortemente cogitado para deputada federal, mas em todas as vezes, desisti de ser candidata para acomodação dos partidos que o apoiavam, mas, principalmente, pela generosidade do Márcio que retiraria seu nome da disputa ao governo, o que me calou fundo. Em 2022 retiraria novamente meu desejo de concorrer se Marcio fosse candidato ao governo, o que não está nos seus planos. Portanto não é um sonho novo.
ContilNet – Então, a senhora é candidata mesmo ao Senado? Por qual partido?
O Partido será onde o Presidente Bolsonaro estiver. Não é uma imposição de minha parte, mas a oportunidade me leva a optar pela candidatura do Senado Federal.
ContilNet – É verdadeira a informação de que o presidente Jair Bolsonaro tem interesse nessa sua candidatura e teria a estimulado a senhora a sair candidata?
Márcia Bittar – Presidente Bolsonaro me convidou e me incentiva pela candidatura ao Senado.
ContilNet – Caso a senhora seja candidata e sendo eleita, qual seria sua plataforma? A senhora empunharia as mesmas bandeiras do bolsonarismo?
Márcia Bittar – Estou no auge de maturidade física e emocional. Compreendo que posso contribuir com a sociedade acreana, seguindo os passos do Marcio Bittar na liberação de recursos e avançando. Uma das bandeiras certamente será apadrinhar o salto na qualidade do ensino brasileiro. No último Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, tradução de Programme for International Student Assessment, que faz um estudo comparativo internacional realizado a cada três anos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), ao medir a educação no Brasil, o país está abaixo do Chile, Uruguai, Costa Rica e México nas disciplinas de matemática, ciências e leitura. Nossos jovens têm o direto de competir no mercado de trabalho e precisam da escola para que os qualifiquem. Vivemos num país amedrontado com a ameaça que os filhos sofrem pelo narcotráfico. Há uma verdadeira inversão de papéis, a escola deve ensinar os conteúdos específicos e a educação dos filhos cabe à família. Serei candidata porque me proponho a enfrentar esta e outras mazelas que precisam ser encaradas e superadas.
ContilNet – O fato de não ser acreana da gema, como dizem, prejudicaria sua campanha?
À essas pessoas, aos que assim pensam ou dizem, eu sugiro a leitura da Bíblia, nas Crônicas e Êxodo. Lá está escrito que “somos todos estrangeiros nessa terra, pois nossa morada definitiva é a morada celestial”. Mas eu diria que nunca senti esse tratamento diferenciado por não ter nascido aqui. Eu simplesmente, quando casei, fui morar em Sena Madureira, na zona rural, e nunca senti qualquer diferença em relação ao tratamento à minha pessoa, por não ser dali. Eu simplesmente fui acolhida e acolhi. Nunca me senti e jamais me sentirei uma estrangeira no Acre.
ContilNet – O seu candidato a governador será Gladson Cameli numa possível reeleição? Por quê?
Marcia Bittar – Assisti Gladson amadurecer na política e tenho satisfação de vê-lo no governo. Ele precisa de outro mandato para concluir a obras de sua gestão. Creio que estaremos todos no mesmo palanque de Bolsonaro.
ContilNet – O seu ex-marido Márcio Bittar não seria mesmo candidato ao Governo do Estado?
Marcia Bittar – Não está nos planos de Marcio ser candidato ao governo
ContilNet – Como foi estar ao lado de um candidato, como foi seu marido, que foi derrotado em pelo menos cinco eleições seguidas?
Márcia Bittar – Um orgulho grande de vê-lo superar as derrotas sem perder seus princípios e sem desistir dos nobres ideias. Marcio Miguel, como o nome do Arcando São Miguel, é abençoado. Márcio é meu líder político, pai dos meus filhos. E se não bastasse o amor eterno.
ContilNet – A senhora já superou a separação do senador?
Márcia Bittar – Com Deus na frente superamos qualquer desafio.
ContilNet – É possível acabar um casamento e manter as alianças política com o ex?
Marcia Bittar – Nossa ligação espiritual é maior do que qualquer aliança política.