Após 4 dias queimando na cidade turística de Bonito, região sudoeste de Mato Grosso do Sul, o fogo está se deslocando em direção ao parque nacional da Serra Nacional da Bodoquena, entre Bonito e Jardim, de acordo com o Corpo de Bombeiros. Neste período, a queimada destruiu a vegetação e matou inúmeros animais, entre eles uma sucuri de cerca de 5 metros. O flagrante foi feito pela corporação neste domingo (11).
“Fomos mobilizados para a cidade de Bonito perto de uma fazenda e, desde então, foram vários focos em Bonito. Isso começou na última quarta-feira (7) e, agora, estamos na parte de rescaldo. A área total do fogo está sendo calculada e estamos aguardando a imagem do satélite para falar com maior precisão. Acreditamos ser de 2,7 mil a 3 mil hectares perdidos”, afirmou ao G1 a assessoria de comunicação do Corpo de Bombeiros.
Militares estão há 4 dias combatendo fogo em cidade turística e encontraram vários animais mortos — Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação
Ainda conforme a assessoria, ao mesmo tempo, bombeiros militares atuam no monitoramento e também no combate às chamas na região da Serra da Bodoquena. Na Operação Panemorfi (que significa Bonito em Grego), cerca de 50 bombeiros atuam no combate.
Esta é a segunda operação especial de combate a incêndio florestal iniciada pela corporação este ano. São ao todo 50 militares e estão sendo utilizados dois aviões, 11 viaturas e duas embarcações.
Militares encontraram sucuri morta neste domingo (11) — Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação
“É uma área grande e equipes foram enviadas para o que o fogo não chegue ao parque, enquanto outra permanece atuando no rescaldo. Vimos muitas cenas tristes de animais mortos. Por sorte, um cervo foi resgatado. Ele corria contra o fogo, desorientado, e nós o levamos para uma área protegida”, ressaltou.
Neste caso, o sargento Anderson Silvio Mendes fala que o animal estava “totalmente perdido” e ele o acompanhou, até o momento certo para fazer o resgate.
“Eu tentei umas duas vezes, ele conseguiu se desvencilhar, mas, ele foi se encaminhando para o local que estava queimando. Na terceira tentativa, consegui regatá-lo e levar para uma área que já estava livre da queima. É uma satisfação tremenda a gente poder salvar um ser, que ainda tinha toda a vida pela frente e também poder restaurar a natureza”, disse.
Momento em que o cervo é recuperado e levado para outro ambiente em MS — Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação
Outro caso foi o de uma anta, um cateto e uma sucuri de cerca de 5 metros e 80 kg, encontrada carbonizada na manhã deste domingo (11). “Estávamos fazendo a vistoria nas proximidades da fazenda São João, ainda na parte da área de Bonito, quando nos deparamos com esta sucuri que, infelizmente, não conseguiu se livrar das chamas. Lamentável”, comentou o capitão Valdeck de Siqueira Santos.
Bombeiros atuam na fronteira com o apoio da Marinha — Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação
Polícia apura início do foco
Equipes da Polícia Militar Ambiental (PMA) de Bonito e Jardim também atuam na região desde a última quarta-feira (7), quando foram acionados por volta das 12h (de MS). As equipes informaram que estão apurando, desde então, o ponto inicial do incêndio no banhado do rio da Prata.
Neste domingo (11) o comandante da PMA de Bonito, capitão Ferraz, também foi informado que os focos estavam todos controlados no banhado do Rio da Prata. No entanto, como “a seca é extremamente forte, não há como se descuidar do local” e os trabalhos continuam com “boletim de ocorrência e o acionamento da perícia técnica”.
Já no primeiro dia, os militares disseram que encontraram funcionários das fazendas da região com caminhão pipa e tratores, tentando controlar o incêndio, porém, o fogo ainda se propagava. Em seguida, houve o reforço dos bombeiros e agora eles continuam atuando, para “manter a preservação do local e identificar possíveis causas do incêndio”, além de realizar aferições e mensurações da área atingida”.
Tamanduá caminha em área devastada pelo incêndio em Bonito (MS) — Foto: Luiz Dornel/ICMBio
Já no Parque Nacional da Serra da Bodoquena ao menos três propriedades rurais foram afetadas e uma pequena fração do parque, sendo que, até o momento, a PMA calcula que já tenham sido atingidos 6 mil hectares de área.
“No primeiro dia de incêndio encontramos um filhote de cervo perdido e desorientado, logo depois avistamos a mãe com as patas parcialmente queimadas. Devolvemos o filhote à mãe e não sabemos o que aconteceu com eles. Hoje durante o monitoramento a equipe avistou essa mãe com seu filhote. Não sabemos se são os mesmos do primeiro dia, mas estamos felizes por esses estarem bem”, argumentou Ferraz.
Fronteira
Batizada de Operação Hefesto, o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, com o apoio do Marinha do Brasil, também está empenhado em combater incêndio em vegetação na região conhecida como Canal do Tamengo, em Corumbá, a 413 km de Campo Grande.
Nesse sábado (10) um helicóptero da Marinha passou a fazer o lançamento de água na área queimada, tendo em vista a dificuldade de acesso na região. Nesta manhã (11) foram deslocadas três viaturas e 13 bombeiros militares para o controle das chamas.