Acre cria festival de cinema voltado exclusivamente para produções feitas por mulheres

Lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive no cinema acreano. Aconteceu, no mês de maio, em conjunto com o XII Festival de Vídeos, a primeira edição do FestCineMulher, que foi uma iniciativa criada em prol da promoção de produções dirigidas por cineastas acreanas. Este festival, que premiou 10 trabalhos, foi pioneiro no país na realização de atividades voltadas para o público feminino.

Segundo o cineasta e presidente da Associação Acreana de Cinema (Asacine), Enilson Amorim, foram 50 trabalhos inscritos e analisados com base em alguns critérios como, por exemplo, os de não ofenderem os direitos humanos. O evento, que ocorreu entre os dias 22 a 30 de maio com oficinas voltadas ao audiovisual.

A proposta, segundo Amorim, é que o FestCineMulher ocorra de forma anual, a fim de incentivar o protagonismo feminino no cinema, bem como de descobrir novos talentos do Acre. “Esta primeira edição foi um verdadeiro sucesso. A ideia é que na próxima, as mulheres fiquem responsáveis em organizar tudo, desde os bastidores envolvendo assessoria e planejamento das ações, até o evento propriamente dito com a realização de oficinas, por exemplo”.

Festicine Mulher ocorreu em maio/Foto: divulgação

TRABALHOS PREMIADOS

No FestCineMulher, dez trabalhos foram contemplados com a premiação e com troféus. A cineasta Fátima Cordeiro, que começou a trabalhar com cinema desde a década de 1990, foi uma das homenageadas. Além de ter sido uma das dez premiadas, com o trabalho “Na Casa da Vovó Tem…”, que destaca a casa de uma artista plástica chamada Mariete Buriti, também recebeu prêmio por “Causos e Histórias com Cheiro da Mata”, que será exibido na Filmoteca Acreana no final do mês de julho. “Gosto de destacar os costumes de nosso povo, a arte como forma de expressão, seja na ficção ou documentário”, complementa.

Ela conta que ter sido agraciada com as homenagens foi imensamente satisfatório e enxerga a iniciativa como uma forma de homenagem e valorização do protagonismo feminino no cinema, tanto na atuação, como na produção e roteirização das obras.

“O Festcine Mulher veio a revelar o que já existia há muito tempo porque as mulheres sempre tiveram presença no audiovisual acreano. Cito duas Mulheres produtoras e pioneiras do Movimento Feminino no Cinema Acreano, atrizes, cineastas que me incentivaram e ainda me incentivam a produzir que são Inez Andrade e Maze Oliver”, diz.

CREDIBILIDADE

A produtora finaliza dizendo que a sensação dos prêmios sempre gera uma maior responsabilidade nas produções, visto que a obra gera impacto social.

“Creio que a partir do FestCine Mulher nós, mulheres, teremos maior credibilidade e respeito por nossas concepções artísticas. Tão importante quanto atuar é, também, produzir, escrever roteiros, participar de decisões, apresentar projetos, mas, principalmente, motivarmos umas às outras porque tudo isso nos leva ao crescimento pessoal, melhora a nossa autoestima, melhora o sentido que damos a nossa vida”.

O presidente da Asacine complementa que o projeto inovador veio para ficar, e que vai contribuir para que o cenário cinematográfico acreano se renove e ganhe cada vez mais espaço. “Eu acredito que estamos nos aperfeiçoando no cenário do cinema acreano. Já houveram épocas muito piores. Imaginar em fazer um projeto deste porte há alguns anos, era bem improvável. Com a Lei Aldir Blanc, isso foi possível. Tivemos 50 trabalhos inscritos, e de premiação tivemos R$28 mil. O governo do Gladson Cameli, através da Fundação Elias Mansour, tem administrado com muita competência e responsabilidade os recursos da lei, e sempre estão muito empenhados em estar trabalhando com os editais e com os segmentos da área da cultura”, aponta.

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