Os desdobramentos da Operação Lava Jato caminham para extrapolar as fronteiras do Brasil e atingir os países vizinhos. E o primeiro a sentir seus impactos é o Peru. Parlamentares peruanos vão começar investigações para saber se as empreiteiras envolvidas no maior esquema de corrupção do Brasil também pagaram propina e corromperam seus agentes públicos em troca de obras, entre elas a Rodovia Interoceânica.
Capitaneada pelo ex-governador e hoje senador Jorge Viana (PT), a estrada tinha como promessa ser o principal corredor brasileiro para exportações via Oceano Pacífico, no Peru. Do lado do Brasil a rodovia é a BR-317, cujas obras até a fronteira peruana foram iniciadas e concluídas no governo Fernando Henrique Cardoso.
Já o trecho do país vizinho, que tinha como desafio cortar a Cordilheira dos Andes, foi iniciado na gestão Luiz Inácio Lula da Silva e executada pela Odebrecht. O presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, foi preso pela Polícia Federal na Lava Jato acusado de participar do esquema de corrupção na Petrobras.
Segundo o jornal “Fato Online”, os parlamentares do Peru ainda vão investigar as empreiteiras Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, OAS, Queiroz Galvão e Engevix – todos os seus respectivos executivos também estão na carceragem da PF em Curitiba.
Autoridades do Peru encontraram 35 contratados de obras firmados com as brasileiras desde 2004, e que agora serão alvo de investigação. Metade deles são de obras rodoviárias. As investigações vão abranger obras executadas pelos governos de Alan Garcia, Alejandro Toledo e Hollanta Humala.
Segundo o site “Fato Online”, a Operação Lava-Jato ganhou repercussão no Peru após a prisão do ex-ministro José Dirceu. Ele é suspeito de manter negócios com a brasileira Zaida Sisson, mulher do ex-ministro de Agricultura do Peru Rodolfo Beltrán Bravo durante a administração do ex-presidente Alan Garcia. Conforme as investigações da PF, Zaida servia como um elo do petista em negócios da Engevix no Peru.