De venda de abacaxis a empresa milionária: como empreendedora fatura quase R$ 300 milhões por ano

Aos 42 anos, Denise Lemos ainda lembra do cheiro das frutas no Ceasa de Campinas, interior de São Paulo, na época em que trabalhava vendendo abacaxis no local. Quando chegava no seu box de vendas, às 4h, antes mesmo do sol nascer, o odor era agradável e receptivo. Já no final da tarde, o cheiro das frutas perecíveis dava o primeiro sinal de que não sobreviveriam com qualidade até o dia seguinte.

“O líquido da melancia passada, por exemplo, corrói até o chão. Isso me estimulava a vender tudo antes do alimento perecer”, conta. Hoje, proprietária da Amakha Paris, uma marca de perfumes que faturou quase R$ 300 milhões em 2020, ela acredita que parte de seu sucesso esteja ligado a esse poder que as fragrâncias têm de reviver sentimentos e memórias. “Perfumes marcam as nossas vidas. Por isso nosso nome é Amakha, que significa ‘essência’ no idioma zulu.”

A marca mostra resultados positivos desde o primeiro ano de existência, em 2017. Mas, três anos depois, em 2020, alcançou a marca de 24 milhões de unidades somente de perfumes vendidos e expandiu o catálogo com o lançamento de cem produtos novos, incluindo, maquiagens, hidratantes, produtos da linha masculina, shakes e chás.

Denise diz estar no melhor momento de sua carreira, apesar do cenário negativo da pandemia de Covid-19. O faturamento do ano passado foi 16% superior ao de 2019, quando o patamar alcançado atingiu R$ 240 milhões. Mas não foi fácil chegar até aqui.

Foi desde a infância que as características de empreendedora se mostraram presentes, em brincadeiras que sempre envolviam vendas e negociações. “Eu negocio desde a barriga da minha mãe”, brinca. “Sempre criava vendinhas para as minhas bonecas, além de montar barracas de sucos e doces na frente da casa dos meus avós.” Na adolescência, ao acompanhar os pais nos seminários da igreja, comprava chocolates e revendia para as pessoas durante os intervalos. Com esse dinheiro, tornava viáveis as suas saídas nos finais de semana.

Quando se casou, aos 19 anos, sua vida se aproximou ainda mais do empreendedorismo. A família do agora ex-marido tinha uma fazenda de abacaxis no Espírito Santos e, naturalmente, Denise se jogou de cabeça no negócio. “Eu tomei frente das negociações e, depois de um tempo, quis ter o meu próprio box no Ceasa. Lá, eu comercializava abacaxis, melancias e abóboras. Era complexo. Acordava de madrugada para trabalhar em um mercado completamente masculino”, recorda. “No entanto, foi uma escola para mim. Eu me descobri na venda para o atacado.”

Como uma verdadeira fase de aprendizado, a atuação no ramo das frutas não durou para sempre. Em paralelo com as vendas no Ceasa, Denise cursava economia na PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica de Campinas), em São Paulo, e – rapidamente – conseguiu um cargo como estagiária em uma sucursal do banco Bradesco. Tudo seguia conforme os planos, até a jovem descobrir que estava grávida. “Foi um baque para mim. Um período de muitos questionamentos. Eu queria trabalhar, mas também queria cuidar do meu filho”, conta. Sua decisão, então, foi se formar na faculdade e dar um tempo do mundo corporativo. “Me dediquei à maternidade por um ano e meio.”

Quando voltou a trabalhar, conquistando o cargo de gerente de expansão no mesmo banco que havia atuado como estagiária, seus objetivos já não eram os mesmos. Dessa vez, a carteira assinada, que representava um sonho durante o período de formação, mostrava-se incompatível com as expectativas familiares. “Eu queria trabalhar, mas não ia abrir mão de passar tempo com meu filho e poder assisti-lo crescendo.” Foi nesse momento que a veia empreendedora pulsou forte novamente. Gerenciar o seu próprio trabalho era o caminho para conseguir seguir a dupla jornada.

No primeiro instante, Denise continuou no mundo das instituições financeiras e montou uma corretora do Bradesco Vida e Previdência. “Achei que ia empreender, mas, na verdade, tinha que prestar satisfação para cinco supervisores”, diz. “Era pior do que carteira assinada.” Após cerca de três anos com a corretora, colocou um ponto final no negócio e, do dia para a noite, pegou uma mala e foi para São Paulo comprar roupas infantis para revender em Minas Gerais, onde estava morando no momento. “Minha família ficou chocada porque as finanças estavam indo bem. Não acreditaram quando eu contei que tinha desistido.”

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