Bolsonaro é o primeiro presidente a não liderar pesquisa um ano antes da eleição

A sexta eleição presidencial brasileia deste século está programada para ocorrer em outubro de 2022, ou seja, estamos a exatos um ano da votação para escolher quem será o próximo chefe do executivo nacional. Essa ‘contagem regressiva’, no meio político, costuma ser decisiva para a definição eleitoral. Mas como estavam os tabuleiros políticos há 12 meses das eleições nos pleitos anteriores? A equipe de reportagem do iG realizou um levantamento para entender a situação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e de seus concorrentes a ocupar o Palácio do Planalto no próximo ano.

1988
Após o período de redemocratização, o Brasil voltou a poder escolher seu representante de manera direta. Um ano antes da disputa, em 1988, uma pesquisa Datafolha divulgada no dia 04/12 mostrava que o líder nas intenções de voto era o ex-governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola (PDT), com 24% do eleitorado. Lula (PT) aparecia na segunda colocação, com 17%, empatado tecnicamente com o ex-governador de São Paulo, Mario Covas (PSDB), que apresentava 15%.

Em um segundo cenário estimulado com a presença do apresentador Silvio Santos entre os candidatos, Brizola manteve a liderança com 20%, empatado tecnicamente com o comunicador, que obteve 19% das intenções de voto. Lula foi o terceiro nas pesquisas, com 14% do eleitorado. Fernando Collor sequer apareceu nas pesquisas.

Um ano antes

Líder nas pesquisas: Leonel Brizola (PDT) com 24%.
Vencedor das eleições: Fernando Collor (PRN) não pontuou.

1993
Depois de eleger e retirar um presidente de seu posto, o brasileiro se preparava para votar pela segunda vez para o pleito nacional. Lula (PT) liderava a pesquisa realizada pelo Datafolha em 21/11/1993 com 31% das intenções de voto. Em segundo lugar, o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) aparecia como vice-líder com 16% e, em terceiro lugar, o ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf (PPR) teve o apoio de 12% dos participantes.

Um ano antes

Líder nas pesquisas: Lula (PT) com 31%.
Vencedor das eleições: Fernando Henrique Cardoso (PSDB) tinha 7%.

1997
Neste ano, o eleitorado se colocava diante de uma situação inédita: a possibilidade de optar pela reeleição de um candidato. Faltando um ano para as eleições, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) tinha 37% das intenções de voto e liderava em todos os cenários em pesquisa realizada pelo Datafolha. Lula (PT) vinha na sequência com 22% e Maluf fechava o bloco com 13%.

Um ano antes

Líder nas pesquisas e vencedor das eleições: Fernando Henrique Cardoso (PSDB) tinha 37%.

2001
No dia 23 de setembro, após dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o Brasil teria uma sucessão no poder. Entre as opções disponíveis para voto, Lula (PT) era o líder da pesquisa com 30% das intenções de voto. O ex-ministro Ciro Gomes estava na segunda colocação, com 14%; empatado tecnicamente com os 12% de Roseana Sarney (PFL).

Um ano antes

Líder nas pesquisas e vencedor das eleições: Lula (PT) tinha 30%.

2005
Com a opção de reeleger novamente um candidato, o eleitorado brasileiro indicava que daria a Lula a continuidade da sua gestão de acordo com uma pesquisa do Datafolha divulgada em 23/10/2005. Nela, o petista possuia 30% das intenções de voto. Na segunda colocação, o candidato tucano José Serra (PSDB) estava quase empatado tecnicamente com o atual presidente e tinha 27%. O ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PMDB) obteve 10% de preferência dos brasileiros.

Um ano antes

Líder nas pesquisas e vencedor das eleições: Lula (PT) tinha 33%

2009
Pela segunda vez, uma sucessão presidencial ocorreria no Brasil. Com isso, os candidatos que pleiteavam comandar o Planalto eram José Serra (PSDB), com 37%; Dilma Rousseff (PT), com 23%, e Ciro Gomes (PSB) com 13% estavam entre os mais bem cotados para vencer a eleição segundo pesquisa Datafolha divulgada em 21 de dezembro de 2009.

Um ano antes

Líder nas pesquisas: José Serra (PSDB) com 37%.
Vencedor nas eleições: Dilma Rousseff (PT) tinha 23%.

2013
Com uma chance de conquistar quatro eleições consecutivas, o Partido dos Trabalhadores apostou na continuidade da gestão de Dilma Rousseff. Na pesquisa de 12/10/2013, o Datafolha mostrou que a então presidente possuia 39% de vontade popular de permanecer no comando do Planalto. A ex-senadora Marina Silva (PSB) aparecia na segunda colocação com 29% das intenções de voto. Aécio Neves (PSDB), ex-governador de Minas Gerais, obteve 17% de preferência popular para assumir o comando do país.

Um ano antes

Líder nas pesquisas e vencedor nas eleições: Dilma Rousseff (PT) tinha 39%.

2017
Após passar pelo segundo processo de impeachment da sua história, o país encontrava-se governado por Michel Temer (MDB). O emedebista optou por não concorrer nas eleições seguintes e, no dia 01 de outubro de 2017, as pesquisas mostravam que Marina Silva (Rede) era a favorita para ser eleita presidente do Brasil com 22% das intenções de voto. O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) vinha em uma forte crescente e por pouco não empatou tecnicamente com Marina, tendo 19% do apoio do eleitorado. Geraldo Alckmin (PSDB), ex-governador de São Paulo, encontrava-se na terceira colocação e teria 9% dos votos válidos.

Um ano antes

Líder nas pesquisas: Marina Silva (Rede) com 22%.
Vencedor da eleição: Jair Bolsonaro (PSC) tinha 19%.

2021
Jair Bolsonaro (sem partido) busca ser o quarto presidente na história pós-redemocratização a ser reeleito, porém, a um ano do pleito, quem lidera as pesquisas – realizadas em 18/09 – é o ex-presidente Lula (PT) com 46% das intenções de voto. O atual presidente aparece em segundo, com 26%, seguido de Ciro Gomes, que possui a preferência de 9% do eleitorado.

Um ano antes
Líder nas pesquisas: Lula (PT) com 46%.

Conclusões
A um ano das eleições, em três oportunidades os candidatos que lideravam as pesquisas perderam as eleições: Brizola em 88, Lula em 93, Serra em 09 e Marina em 17. Em todos os casos, uma sucessão presidencial ocorreria.

Já FHC em 97, Lula em 01, Lula em 05 e Dilma em 13 estavam à frente nas pesquisas e venceram as eleições. Em todos os casos, os três candidatos disputavam a reeleição.

Pela primeira vez na série histórica, o candidato que busca a reeleição não lidera as pesquisas a 12 meses do pleito. Em 97, FHC liderava e venceu; o mesmo ocorreu com Lula em 05 e Dilma em 13. Atualmente, Bolsonaro busca mais quatro anos à frente do Planalto, mas Lula lidera as intenções de voto.

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