Indígena, filha de agricultores, de pai piratapuia e mãe tariana, nascida no município de São Gabriel da Cachoeira (a 850 quilômetros de Manaus), Darci Gama Firmo, de 51 anos, teve a vida transformada pela educação. Hoje advogada, ela passou um concurso público para o cargo de analista jurídico no Polo da Defensoria no Alto Rio Negro.
A trajetória nos estudos começou após o fim de um relacionamento de 15 anos, ela se viu sozinha com então 40 anos, sem uma carreira e independência financeira.
“Decidi que tinha que fazer alguma coisa e foi através do estudo que fiz. Aí fui estudar”, explica.
Na época, Darci morava em Manaus. E mesmo há muitos anos sem estudar, ela se dedicou ao máximo e foi aprovada para o curso de Direito da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Entrou para o ensino superior pelo sistema de cotas, fazendo valer seu direito como indígena.
“Para acompanhar o ritmo da faculdade de Direito, eu tinha que me esforçar o dobro. E eu me dediquei 100%, tanto, que no décimo período, eu passei para a OAB [Ordem dos Advogados do Brasil], sem fazer cursinho. Quando me formei, já tinha a OAB”, lembra Darci, que na época morava na casa de uma amiga para permanecer em Manaus e conseguir estudar.
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Questionada se sofreu preconceito na faculdade de Direito, ainda dominada por brancos, Darci diz que acha que “não”. No entanto, ela conta que os colegas se surpreendiam com uma indígena no ensino superior e logo se dá conta de preconceitos não escancarados.