Após ativista negra ser violentada, movimento de mulheres reivindica proteção contra violência e femincídios

Integrantes de vários movimentos de mulheres com atuação no Acre estiveram, na manhã desta quinta-feira (9), na Câmara Municipal de Rio Branco, para entregar aos vereadores manifestos contra a violência e ao feminicídio. Um dos manifestos, assinado pela coordenadora da Rede MulherAção e ouvidora do Núcleo de Estudos Afro-brasileiro e Indígena da (Neabi) da Universidade Federal do Acre (Ufac), Cláudia Marques de Oliveira, também era uma solicitação à Câmara para tomar parte de reunião com a Associação de Mulheres Negras – Núcleo de Senador Guiomard/Quinari, nesta sexta-feira (10), para debater a situação das mulheres em geral e pelo menos um caso concreto em que uma liderança e militante do movimento, Mayra Silva Chaves, negra e agricultora, está ameaçada de morte exatamente por sua militância de combate à violência contra o gênero feminino. A reunião está prevista para ocorrer a partir das 15 horas, na sede do Centro de Convivência do Idoso Maria Nazaré de Souza, na rua Hugo Carneiro, no centro de Senador Guiomard.

De acordo com a coordenação do movimento, a reunião se faz necessária devido ao contexto de insegurança e desinformação mediante às agressões registradas contra Mayra Silva Chaves, que tem atuado no acompanhamento e proteção de mulheres e crianças vítimas de violência. Mayra é coordenadora do Núcleo da Associação de Mulheres Negras na cidade e sofreu um atentado, quando foi agredida e ameaçada. A mulher chegou a ter seus cabelos cortados á faca e seu agressor a expôs em situação de tortura. A mulher está sob proteção policial, em local ao qual só as autoridades de segurança têm acesso.

A violência contra Mayra deixou as mulheres envolvidas na Associação acuadas, confusas e com medo. “Quem fez isso com a Mayra conseguiu aterrorizar a nós todas. Queremos que a violência cesse e que quem está por trás disso seja identificado e preso”, disse Cláudia Marques de Oliveira. “Nós já temos um suspeito da autoria deste crime e estamos exigindo as providências necessárias”, acrescentou outra militante do movimento, Almerinda Cunha, escolhida pelas companheiras para representá-las em discurso na tribuna da Câmara Municipal.

Almerinda Cunha/ Foto: Núcleo de Estudos de Gênero da Amazônia

A estratégia de fortalecimento e de proteção às mulheres é necessário informações reais e articulação em rede, além de ações de visibilidade e fortalecimento junto às autoridades municipais, estaduais, de direito e de segurança. “Pedimos uma fala de conforto explicativa e informativa sobre os direitos e proteções possíveis mediante a situação de violência política e física ocorridas com a liderança Mayra Silva Chaves. Na oportunidade apresentaremos para apreciação e votação das mesmas algumas possibilidades de ações em que precisaremos de vossa contribuição com informações e orientações sobre a efetividade e viabilidade das ações. Estamos articuladas com a “Rede Sementes Marielle” e daremos ampla publicidade às ações, apoios e instituições. Neste sentido solicitamos também que acione o setor ou a pessoa responsável pelos registros e comunicações da instituição”, diz o manifesto assinado por Cláudia Marques de Oliveira. A rede Sementes Marielle é uma referência à vereadora do PSOL Marielle Franco, assassinada a tiros, em 2018, no Rio de Janeiro.

As agressões à Mayra começaram alguns dias atrás quando ela, ao chegar em casa, recebeu bilhetes ameaçadores. Depois que ela e dirigiu à delegacia de polícia local, onde alega não ter recebido o tratamento necessário e correspondente às ameaças, acabou por receber um segundo bilhete questionando sua ida à polícia e que reiterava as ameaças e xingamentos.

Após isso, na terça-feira (7), à noite, ela foi sequestrada e agredida, até ter seus cabelos aparados à faca. De acordo com a mulher, a polícia fez pouco sobre o assunto mesmo depois de as agressões terem sido registradas.

Noutro manifesto, a partir da ocorrência envolvendo Mayra, a Associação de Mulheres Negras (AMN) do Acre convida gestores públicos, parlamentares, governantes municipal e estadual, igrejas e organizações sociais a se mobiliarem para coibir a violência contra as mulheres denunciando e punindo os assassinos, “mas também investindo em ações preventivas de Educação”. Neste sentido, as ações seriam em três eixos: campanhas de e3nfrentamento ao machismo, racismo e feminicídio; palestras de sensibilização sobre os direitos da Mulher, e respeito à vida, Orientando uma cultura e paz e bem viver.

O manifesto solicita ainda o poder público realize trabalho com os agressões, descontruindo a cultura do machismo, violência e agressão. ‘A mulher é uma cidadã brasileira, portadora de direitos constitucionais. E o poder público deve garantir sua vida e segurança. Investir em educação, sensibilizar a sociedade, punir os agressões são ações imediatas de responsabilidade do poder público. Solicitamos aos parlamentares que criem amparo legal e proteção e garantia dos direitos das mulheres: criando políticas públicas que beneficiem as mulheres; secretarias de Mulher e rede de atendimento às mulheres. A AMN se disponibiliza para ajudar na construção dessas propostas e conclama toda a sociedade a enfrentar o feminicídio em defesa da vida das mulheres. Nem pensem em nos Matar. Quem mata uma mulher, mata a humanidade”, diz o manifesto da Associação de mulheres Negras do Acre.

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