Futebol terá Copa em país com apenas 3% da população vacinada contra Covid

No próximo domingo começa a Copa Africana de Nações sediada por Camarões. Sim, o certame entre seleções do continente segue sendo realizado em janeiro. Uma bizarrice que nem a Copa América ano sim, outro também, consegue reproduzir. Seria óbvia a disputa em meados do ano, simultânea à Eurocopa, por exemplo, mas não, seus organizadores insistem em promovê-la no primeiro mês do ano.

Esta edição sai do papel após adiamento provocado pela pandemia do novo coronavírus, além de problemas que o país sede enfrenta, entre eles envolvendo os estádios. Mas há outro, que amplifica as preocupações em torno da competição: o gigantesco atraso na vacinação contra a covid-19 entre as nações africanas.

A desigualdade social que marca a humanidade evidentemente se reproduz na vacinação contra o vírus que há dois anos mexe terrivelmente com a vida no planeta. E o continente mais pobre é, como se poderia imaginar, o mais carente. Se no Primeiro Mundo há quem rejeite vacinas, que chegam a sobrar, elas não atendem nem razoavelmente a população africana.

O continente tem apenas 14% de vacinados, meros 9,1% com as duas doses. Nenhuma das 24 seleções que participarão do torneio se aproxima dos 78% de vacinados que o Brasil apresentava em 1º de janeiro de 2022, 67% com ciclo completo. E entre os participantes, o país sede é o que mais atrasado, com 3%, sendo apenas 2,3% totalmente vacinados.

Na comparação com as demais nações afincadas, Camarões só fica à frente de países como a República Democrática do Congo, com 0,24%, sendo 0,11% com um par de doses. Claro que os organizadores asseguram que tudo dará certo, mas e daí? Alguém esperava que dissessem algo diferente?

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