Helano Moniz é mais uma vítima da saúde oferecida pelo governo do médico Tião Viana

Vamos morrer de tédio, será?

Evandro Cordeiro

Evandro Cordeiro

No Estado governado por um médico, o Acre do infectologista Tião Viana (PT), quem vai acabar sendo culpado pela própria morte será o Helano Moniz. Eu me refiro a esse rapaz de família influente que morreu essa semana vítima da negligência do Estado, uma vez que teve órgãos internos perfurados durante uma cirurgia de transplante, procedimento, a rigor, usado pelo marketing do então candidato a reeleição, Tião, como promoção de seu nome e da campanha. Eles diziam na imprensa, na época, que nossa medicina avançou tanto que já somos referência para o Brasil em transplante. Em tudo o PT diz que é referência. Pois é! O Helano morreu pela desventura de um transplante, exatamente uma das referências do governo do Povo do Acre.

Para piorar o enredo dessa história macabra, culminada com uma morte de um sujeito que entrou para a sala de cirurgia com os próprios pés e sem sentir a dor numa unha, é a pasmaceira das pessoas. Não aparece um filho de Deus para reclamar nessa joça. A própria família está calada. Parece que o medo do Estado do PT sobrepõe-se a morte de inocentes. Pelas cinco chagas de nosso senhor! Onde vamos parar? Temos uma saúde escrota, só a propaganda é dez.

Tem vinte anos que o PT garantiu e nós caímos no conto: a vida vai melhorar e a saúde vai alcançar nível de primeiro mundo. Está aí um rapaz morto nos porões de uma saúde doente, onde, ao que parece, mais importante que o doente é o cargo comissionado disponível na estrutura da saúde. A vida humana…sei lá. Não tem quase ninguém por esta. Um ou outro profissional se sobressai, ante ao compromisso de Hipócrates. Da Assembleia Legislativa não dá para esperar socorro na fiscalização, muito menos da Câmara Municipal. Eles cuidam da próxima eleição e esquecem do cidadão.

O Helano Moniz é apenas um caso que ganhou espaço na mídia, mas tem centenas de pessoas vítimas dessa saúde que patina sob a construção de um hospital das clínicas cujo primeiro tijolo foi sentado há mais de uma década. Até neste sábado o prédio continua em construção. Um dia desses ouvi uma fala do médico José Ribamar, pela qual ele lamentava o tratamento dado pelo governo aos profissionais e ao andamento da saúde. Em poucas palavras ele quis dizer que o Estado está preocupado com a próxima eleição, tão somente. O governador médico tem mais preocupação com os cabos eleitorais e com as próximas nomeações, realizadas sempre para salvar a unidade de uma frente popular que não tem povo, tem uma claque de famintos por cargos.

Assim como a família do Helano, parece que o povo desistiu de reclamar. Ninguém diz mais nada. Com razão. Não adianta mesmo. A capacidade de indignação do acreano desaparece a cada eleição. O PT estabeleceu a camarilha no Acre. Sabe o que é isso? Explico: pegou um membro de cada família importante e colocou em um cargo estratégico, da combalida máquina pública. Isso é fatal para um povo. Os pequenos, lá da periferia, esses é que estão em palpas de aranha. O governo e a prefeitura fez para eles uma porção de UPA’s, mais não tem médico, nem remédio. E ai? Vai reclamar para quem? Lá no bairro o líder comunitário deles, que antigamente servia ao menos para reclamar na imprensa, agora é comprometido com a política do prefeito da cidade. A Umarb serve como cafetona para levar os tais líderes à sala do alcaide, como cordeirinhos ao matadouro.

Assim, amigos, a vida segue e a gente, se não abrir o olho, vai se acostumando com tudo. Quase desisti de escrever essas poucas linhas para expor minha indignação. Passei minutos pensando que estarei perdendo meu tempo. No final decidi por fazer, na esperança, quem sabe, de ajudar alguém a dar uma chacoalhada no juízo. Ei, nós é que mantemos o Estado e não ao contrário. Nós pagamos escorchantes impostos e temos que cumprir regras estabelecidas ao bel prazer dos administradores. Então sai dessa poltrona ai, ou dorminhoco, ao menos uma vez que não seja para ir no centro pagar encargos para o governo custear sua plêiade.

Ah, ia esquecendo, saúde!

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