Gratidão
Não deveria ser assim, mas assim tem sido.
A gratidão é não só a maior das virtudes, mas a origem de todas as outras. Esta expressão é de autoria de Marco Túlio Cícero, o maior escritor, orador e filósofo romano, e fora proferida nos anos que antecederam a era cristã. Esta expressão esteve em linha com outros filósofos, entre eles: Sócrates, Platão, Aristóteles, entre outros.
Lamentavelmente, a ingratidão tem sido bem mais frequente nas nossas vidas, isto porque, as conveniências pessoais têm feito da gratidão algo descartável, e na atividade política, mais ainda, na qual, e não raramente, as criaturas se voltam contra os seus próprios criadores.
Embora seja bem mais importante combater os pecados sem nominar os pecadores e combater os crimes sem citar os criminosos, sobre a gratidão, ou mais precisamente, sobre a ingratidão, sinto-me no dever de contestar, e nominando-o, o comportamento político do atual governador do Estado de São Paulo, João Dória, em relação ao seu criador, o então governador Geraldo Alckmin, pois sem este, àquele jamais teria sido prefeito da cidade de São Paulo, governador do Estado de São Paulo e menos ainda, teria condições de disputar a presidente da nossa República.
Por dispormos de uma legislação partidária que muda a cada eleição, entre uma e outra, os aliados das eleições próximas passadas se tornam adversários nas eleições próximas futuras, resultando na bagunça que freqüentemente presenciamos. Lamentavelmente, os nossos partidos políticos só tem se prestado para abrigar candidaturas, bastando para tanto que atendam as suas ocasionais conveniências.
Até as eleições de 2018, partidos ideologicamente distintos compunham alianças nos níveis municipais, estaduais e federal, obedecendo tão somente às suas circunstanciais conveniências.
Nas eleições de 2020, num espetacular avanço as coligações foram extintas. Resultado: em milhares de municípios diversos partidos sequer conseguiram eleger um único vereador. Se mantida a referida proibição, nas eleições deste ano ocorreria o mesmo nas nossas Assembléias Legislativas, sobremaneira, na nossa Câmara dos Deputados.
Como a imaginação de uma parte considerável dos nossos políticos não tem limites, para as próximas eleições fora estabelecido a chamada “federação partidária”, um instrumento capaz de possibilitar as eleições de alguns integrantes dos partidos que já caminhavam para sua extinção.
Em relação à proibição das coligações partidárias a “federação partidária” foi um retrocesso, porquanto o mesmo irá possibilitar que a fragmentação partidária nas nossas Casas legislativas continue, e desta feita, dificultando a nossa governabilidade, e em todos os níveis, sobretudo, no plano federal.