Na última semana a Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) realizou uma audiência pública para debater o crescente número de feminicídio no estado.
Dados apresentados pela coordenadora do Centro de Atendimento à Vítima (CAV) do Ministério Público do Acre, promotora Patrícia Rego, mostram que o Acre é o lugar mais perigoso do Brasil para uma mulher viver, pois lidera o ranking nacional de feminicídio há quatro anos.
Entre 2018 e 2021, 126 mulheres foram assassinadas no Acre, sendo que 50 foram vítimas de feminicídio, que é quando uma mulher é morta única e exclusivamente por ser mulher. Os dados são do Observatório de Análise Criminal do Núcleo de Apoio Técnico (NAT), do Ministério Público do Acre.
“O Acre encabeça a lista há quatro anos. Desde 2018, enquanto a taxa de feminicídio no Brasil gira em torno de 1,2%, a nossa taxa é de 2,9% a cada 100 mil mulheres, mais que o dobro. Esse ano tivemos 7 feminicídios”, pontuou Rego.
Os dados apresentados pela promotora, mapeiam as vítimas e mostram que a maioria das vítimas, 70%, tinham entre 14 e 34 anos.
Dos 22 municípios acreanos, 15 apresentaram ao menos uma vítima de feminicídio nos últimos anos. Os municípios acreanos que lideram o feminicídio são Rio Branco (20), Cruzeiro do Sul (5) e Tarauacá (2).
O estudo do Ministério público mostra que 68% dos crimes de feminicídio ocorrem dentro de casa, sendo que 88% são praticados por companheiro/namorado ou ex. A maioria dos crimes ocorre no período da noite ou na madrugada [59%] e de sexta à segunda [54% deles], exatamente quando a Delegacia da Mulher está fechada e 69% dos crimes ocorrem dentro de casa.
“O feminicídio é um crime de ódio, não é um ponto fora da curva e é uma pessoa comum, que você encontra na sua igreja, que vai deixar o filho na escola, é um cidadão de bem”, diz a procuradora.
A maior parte das vítimas [68%] é mãe e por isso, há outro ponto a ser debatido dentro das consequências do feminicídio, que é a quantidade de órfãos que, na sua maioria, presencia o crime. O Acre tem 75 órfãos do feminicídio.