Apesar de ser um assunto ainda muito mascarado, principalmente pelas campanhas publicitárias na mídia brasileira, o número de pais ausentes ainda é exorbitante e pode trazer grandes malefícios para a vida de muitas crianças.
A Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) agora disponibiliza uma nova página em seu Portal da Transparência, voltada para a identificação do número de crianças registradas só em nome da mãe no Brasil. A página é denominada de Pais Ausentes.
O registro de nascimento, quando o pai for ausente ou se recusar a realizá-lo, pode ser feito somente em nome da mãe que, no ato de registro, pode indicar o nome do suposto pai ao Cartório, que dará início ao processo de reconhecimento judicial de paternidade.
No estado do Acre, mais de mil crianças que nasceram em 2022 não possuem o nome do pai no registro. Na capital acreana, o número é de 364 crianças sem o nome do pai. Em seguida, vem o município de Cruzeiro do Sul, com 263 crianças com pais ausentes.
Pais ausentes geram consequências
De acordo com o site Veja Saúde, o afastamento do pai ou a ausência dele no crescimento de uma criança é capaz de trazê-la consequências no desenvolvimento infantil. Existem evidências recentes de um elo entre a ausência da figura paterna e a aceleração do amadurecimento sexual nas meninas.
O psicólogo Bruce Ellis, dos Estados Unidos, mostra que a consolidação das relações familiares ajuda a retardar a menarca, ou primeira menstruação. Em sua pesquisa, ele observou 173 garotas desde a idade pré-escolar até a 7ª série. Segundo ele, aquelas que conviviam satisfatoriamente com os pais durante os cinco primeiros anos de vida entraram na puberdade mais tarde.
As mães fazem os dois papeis, de pai e mãe, mas ainda assim, não é só a ausência do pai que traz pontos negativos, mas sim não ter uma figura paterna, uma imagem a ser seguida por alguém que se intitula pai e realiza tal papel.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 12 milhões de mães chefiam lares sozinhas, sem o apoio dos pais. Destas, mais de 57% vivem abaixo da linha da pobreza, ou seja, o Dia dos Pais é comemorado apenas por uma parte da população brasileira, onde a outra parte enaltece as “pães”, mães que fazem o papel de um pai ou apenas não comemoram esta data.