A cantora Anitta publicou uma sequência de stories em seu perfil no Instagram em que aparece fazendo um procedimento chamado biofeedback, que avalia a contração anal. “Estou fazendo um negócio muito engraçado. Sensacional. Virei uma pintora de c*. Estou jogando videogame com o c*”, disse.
No procedimento, também conhecido como retroalimentação anorretal, uma sonda é inserida no ânus e capta os sinais elétricos do músculo, registrando as contrações em um computador. Além de servir como exame, analisando se a pessoa não relaxa o músculo —o que pode justificar dificuldades para evacuar, por exemplo—, o biofeedback também pode ser um tratamento.
Em quadros de endometriose, incluindo pós-cirurgia, como é o caso da cantora Anitta, o biofeedback pode reduzir a dor e permite melhor controle da musculatura. “Eventualmente, pacientes com endometriose podem não relaxar a musculatura adequadamente”, explica o coloproctologista Isaac José Felippe Corrêa Neto, responsável pelo biofeedback do Fleury Medicina e Saúde.
O procedimento é usado também em pacientes com incontinência anal, o oposto à constipação, no pós-cirúrgico de operações no reto e ânus e em quem tem dor retal, entre outros. Por avaliar as contrações anais, ele pode ser aliado ao diagnóstico de condições na região.
Como funciona?
Segundo o coloproctologista, em conjunto com a intervenção de medicamentos, o biofeedback apresenta taxa de 70% de melhora nos casos de anismo, tecnicamente chamado de contração paradoxal do músculo puborretal —quando a pessoa não relaxa a musculatura ao evacuar. O tratamento também pode envolver fisioterapia do assoalho pélvico.
“Médicos trabalham com o uso de sonda, em que o paciente vê o movimento que faz com o músculo e percebe que não relaxa da maneira que deveria”, detalha Corrêa Neto. “Então, aprende justamente porque tem o feedback [termo em inglês para designar retorno de informação. No caso do procedimento, disponível pela visualização no computador].”
“Muitas pessoas querem ver o que estão fazendo, aprendem com o visual. Iniciamos com o reconhecimento muscular e, a partir da visualização, os pacientes aprendem como relaxar a musculatura para evacuar da maneira adequada”, diz cocoloproctologista.
Anitta se divertiu durante o procedimento: “Virei um Picasso do c*, fazendo altos desenhos. Vou tentar escrever meu nome. Estou fazendo desenhos com contração anal! Meu c* é muito cheio de habilidades”, disse.
Os movimentos são indicados pelo profissional que acompanha o procedimento, orientando quando realizar as contrações.
“Na extremidade da sonda há um balão para treinar a sensibilidade do reto, para a pessoa perceber de maneira mais eficaz a sensação de ir ao banheiro”, explica o especialista.
O procedimento dói?
A sonda não dói, mas pode existir incômodo na região. Corrêa Neto explica que ela mede entre 2 e 3 centímetros, com espessura menor do que a de uma caneta. Há recomendação de realizar cinco sessões, inicialmente. A duração do tratamento, no entanto, é individual, determinado pela evolução de cada pessoa.