Palácios, joias e até cisnes: qual é o patrimônio da família real

A família real britânica, agora liderada pelo rei Charles III, possui um conjunto complexo de participações econômicas – e que enfrentam os mesmos desafios da economia do Reino Unido, com uma inflação acima dos 8%. No ano passado, a revista “Forbes” estimou em US$ 28 bilhões o valor das participações da realeza.

Mensurar o império financeiro dos Windsor não é simples. O levantamento feito pela Forbes aponta que o patrimônio acumulado pela família a torna um dos dois clãs mais ricos do Reino Unido – mas não necessariamente do mundo.

Entre as propriedades, estão ícones como o Palácio de Buckingham e as joias da coroa. A fortuna também inclui longas extensões de terra, desde propriedades de escritórios e um importante campo de críquete – esporte de origem inglesa, que utiliza bola e tacos –, até terras agrícolas nos arredores do Reino Unido.

A mudança do trono após a morte da rainha Elizabeth II, na última quinta-feira (8), também levantou diversos questionamentos sobre o destino da fortuna dela. O testamento da rainha não foi divulgado e, historicamente, a família real não divulga essas informações após a morte de um monarca.

Palácio de Buckingham, em Londres — Foto: Reuters

Palácio de Buckingham, em Londres — Foto: Reuters

Primeiras transferências

Certo é que parte da herança tem destino direto. Ao assumir o trono, o rei Charles III recebeu automaticamente o Ducado de Lancaster. Em seu primeiro discurso, na semana passada, ele confirmou que seguiu a tradição e passou o Ducado da Cornualha, antes em sua posse, para seu filho mais velho, o príncipe William.

Ducados são territórios tradicionalmente governados por um duque ou uma duquesa. No caso, no entanto, se referem a um conjunto de propriedades privadas, que incluem terras, ativos e outras propriedades. O Ducado de Lancaster é de propriedade do soberano de turno do Reino Unido.

O portfólio de terras e propriedades no Ducado da Cornualha é significativamente maior do que o Ducado de Lancaster, conforme aponta o jornal The Washington Post: abrange 0,2% de todas as terras na Grã-Bretanha, incluindo o famoso Lord’s Cricket Ground.

Propriedades em destaque

Tanto o Castelo de Balmoral, na Escócia, quanto o Sandringham Estate, na Inglaterra, foram transmitidos à rainha por seu pai, o rei George VI – e podem ficar com Charles III.

Além dos imóveis e dos ducados, uma das principais propriedades da família real é o Crown Estate, um portfólio de ativos que inclui luxuosas propriedades em Londres, no valor de US$ 19,2 bilhões.

Apesar de ser uma propriedade formal da família, está sob o controle do governo britânico – que recebe as centenas de milhões de dólares que a carteira gera a cada ano.

O governo devolve, então, 25% do lucro do Crown Estate à realeza sob o que é conhecido como Subsídio Soberano. Em 2021, o balanço financeiro público da família real listou a doação em cerca de US$ 99 milhões – dinheiro destinado a pagar a manutenção dos palácios e outras despesas.

Os custos significativos de segurança da realeza não estão incluídos e, em vez disso, são pagos pelo tesouro do governo britânico.

Milhões de dólares e cisnes: a herança de Elizabeth II

rainha Elizabeth II não era obrigada a revelar suas finanças privadas. Por isso, não é possível cravar a fortuna deixada pela monarca. A revista “Forbes”, no entanto, avaliou, em 2021, o patrimônio líquido da rainha em US$ 500 milhões.

Em levantamento mais recente, o jornal britânico Sunday Times estimou, em 2022, o valor em US$ 430 milhões. O livro “The Queen’s True Worth”, lançado em 2020 pelo autor David McClure, atribuiu US$ 468 milhões à rainha.

Após sua morte, a monarca também deixa uma grande variedade de animais: 32 mil cisnes e um número desconhecido de golfinhos, baleias e esturjões (um tipo de peixe de cuja ova é feito o caviar).

Isso porque, ainda no século XII, foi decidido atribuir ao ocupante do trono a propriedade dos animais, cujas espécies estão ameaçadas de extinção, com o objetivo de preservar sua população.

Cisnes no rio Tâmisa, após a morte da rainha Elizabeth II — Foto: Reuters

Cisnes no rio Tâmisa, após a morte da rainha Elizabeth II — Foto: Reuters

Charles III pagará imposto sobre a herança?

Diferente de outras famílias ricas, a realeza recebe tratamento favorável do governo em termos de tributação. Um acordo firmado em 1993 define que nem Charles III nem seus herdeiros paguem imposto sobre herança.

Coroa é colocada sobre o caixão da rainha Elizabeth II — Foto: Reuters

Coroa é colocada sobre o caixão da rainha Elizabeth II — Foto: Reuters

À época, conforme o jornal “The Washington Post”, o então primeiro-ministro John Major disse ao Parlamento que uma herança real simplesmente não deveria ser tributada, citando as “circunstâncias únicas de uma monarquia hereditária”.

Realeza britânica: família mais rica do mundo?

A família Windsor não está nem perto de ser a mais rica do mundo. Segundo levantamento da “Bloomberg”, divulgado no fim do ano passado, a família real britânica não figura nem entre as 25 mais ricas do planeta.

Na lista, estão bilionários de setores como o industrial, farmacêutico, de mídia e de produtos de luxo. O topo é ocupado pela família Walton, que comanda a rede varejista Walmart.

Setor imobiliário e inflação

 

O futuro da fortuna dos Windsor está ligado ao do Reino Unido. O jornal “The New York Times” aponta que, embora o rei tenha uma série de privilégios não disponíveis para o povo britânico, as propriedades de Charles e sua família estão amplamente vinculadas ao setor imobiliário.

Isso deixa seu valor vulnerável às forças econômicas que afetam o país, incluindo a alta inflação que perturba os varejistas e a crescente popularidade do trabalho remoto, que prejudicou o setor imobiliário comercial – grande parte do patrimônio da família real.

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