Filho de Orleir Cameli se apresenta como candidato e fala sobre relação com Gladson

Foi o avô materno, apaixonado por futebol. que, embora Vascaíno doente, adorava o futebol do então atacante do Flamengo, Arthur Antunes Coimbra, o Zico. Como sonhava que o neto se tornasse também um jogador com aquele estilo do flamenguista, passou a chamá-lo também de Zico. Se o apelido pegou, a carreira no futebol não.

O Zico dos campos de pelada em Cruzeiro do Sul, formou-se em engenharia civil, tornou-se empresário, casou, divorciou-se e tem três filhos. Agora em 2022, Zico – ou melhor, Orleilson Cameli, é candidato a deputado federal pelo PDT, na coligação que apóia seu primo Gladson Cameli como candidato  à reeleieção, Mailza vice e Ney Amorim como senador. O candidato é filho do falecido governador Orleir Cameli, morto de câncer em maio de 2013.

A seguir, os principais trechos de uma entrevista com o candidato:

Filho do ex-governador Orleir Cameli, por que o senhor está entrando na política só agora? Por que não tentou substituí-lo logo que ele desistiu de concorrer à reeleição e retirar-se da política em 1998?

Orleilson Cameli – A pergunta não é por que só agora, e sim por que e para que estou entrando na política. Como cristão que sou, digo que tudo na vida deve ser no tempo e na vontade de Deus. E foi justamente agora que Ele falou ao meu coração e ouvi o chamado da população de que era chegando o momento de entrar na vida pública.

A família Cameli sempre foi meio arredia à política. Quando seu pai foi candidato primeiro a prefeito de Cruzeiro do Sul, seus irmãos tentaram demovê-lo da ideia. Depois, parece que gostaram da ideia e o fato é que temos um Cameli no governo e disputando a reeleição e o senhor, como primo do governador, disputando mandato de deputado federal?

Orleilson Cameli – Não diria arredia, como você mesmo citou. Vários Camelis já passaram pela vida pública e todos com boa aprovação pública em seus mandatos. O que lhe garanto que a política para a família Cameli não é negócio, mas um meio de fazer ainda mais pelo povo do Acre. Entendo que a política é o instrumento mais adequado para promover a inclusão social do povo e cuidar dos mais necessitados.

Como é sua relação com o governador Gladson Cameli? Foi ele que o incentivou a ser candidato ou a ideia é sua, somente sua?

Orleison Cameli –  A política pressupõe diálogo e nesse sentido conversei e tive a aprovação de toda a família. O governador Gladson é um primo e como tal a relação é a melhor possível. Quero ajudá-lo a melhorar a vida dos acreanos.

O senhor foi cortejado, antes de se decidir pela candidatura a deputado federal, para ser candidato a vice por partidos de oposição?

Orleilson Cameli – Sim, houve convites, entretanto, todos sabem no Estado o vínculo intrínseco e fraternal que existe entre a nossa família. Com a morte do meu pai, tio Eládio, pai do governador Gladson, passou a ser o patriarca de todos nós, nessa condição a lealdade e gratidão são valores inquestionáveis para todos nós. Portanto, jamais deixaria de estar ao lado do meu primo nesse projeto de mudança do Acre.

Seu pai deixou a política muito magoado e com queixas dos próprios políticos, do mundo da política. Se dizia decepcionado. O senhor não teme o mesmo?

Orleilson Cameli –  A vida é uma montanha russa e decepções ocorrem. A política é o meio pelo qual se busca o bem comum com acertos e desacertos. Tenho visto, por onde ando, que meu pai deixou um legado e que está presente no coração das pessoas que saíram do isolamento através da construção das BRs, melhoraram de vida através dos programas sociais. E se eu, através do meu mandato de deputado federal, conseguir realizar parte do que fez o meu pai enquanto governador, não há porque temer eventuais decepções na política.

O senhor busca seguir os passos de seu pai na política? Ou seja, sonha também em chegar ao Governo do Acre?

Orleilson Cameli – Tudo na hora e no tempo de Deus. Quem dirá o meu futuro na política é o próprio povo.

Por que o senhor se filiou e disputa o mandato pelo PDT? Alguma afinidade com os fundadores do partido, Brizola entre eles?

Orleilson Cameli – O Emylson Farias, presidente estadual do PDT, amigo de longa data, me apresentou os ideais e valores trabalhistas que o partido defende e me fez o convite para sair candidato a deputado federal. Depois de consultar minha família, decidimos que era chegada a hora de me lançar na vida pública, e aqui estou candidato a uma vaga na Câmara Federal.

Em caso de eleição, quais seriam suas bandeiras no exercício do mandato? O senhor teria um foco específico?

Orleilson Cameli – O foco específico é o bem-estar do povo acreano. A minha obstinação será buscar o bem-estar do povo. Nesse sentido, tenho algumas ideias que são centrais na nossa proposta. A infraestrutura rural e urbana, que liberta o povo para que possa ter uma melhoria socioeconômica será ponto central, mas a educação é o pilar de sustentação para o futuro de gerações, assim buscaremos fortalecer a área, não menos importante será o olhar para a juventude através de inovações tecnológicas que poderão promover a geração de emprego e renda, através da formação qualificada. Saúde será outra ideia força presente nosso mandato. Perceba que as ideias citadas se encontram com o objetivo de autodeterminar o povo acreano para que os pais e mães de família possam fazer com que seus filhos tenham autonomia socioeconômica.

Seu pai foi um político que entrou para a história como o governador que fez grandes obras. Seu primo, Gladson, até por conta da pandemia, não conseguiu repetir o êxito de um Cameli no governo. O senhor acha que ele vai reverter isso?

Orleilson Cameli – Todo mundo sabe que a pandemia travou o país e por que não dizer o mundo inteiro? O governador Gladson teve que tomar a decisão de cuidar de vidas e por isso sabemos que ficou impossibilitado de executar tudo que estava em seu planejamento. Por isso precisa de mais quatro anos para realizar a transformação que sonhamos para o Acre. E quero estar ao lado dele, ajudando nesse processo, trazendo recursos de Brasília.

Quem é seu candidato a presidente, já que o PDT, seu partido, tem um candidato (Ciro Gomes). No Acre, o partido apoia o governador Gladson, cujo candidato a presidente é Bolsonaro?

Orleilson Cameli – Não sou uma pessoa desonesta, por isso estou entrando na política. A fidelidade partidária nos impõe candidato próprio. Estamos em uma legenda em que o nosso candidato majoritário no Estado é o governador Gladson Cameli. Isso explica meu posicionamento.

Por que entrar para a política?

Orleilson Cameli – Entendo a política como uma arena de debate de ideias em que o exercício da democracia se faz a cada instante e não de quatro em quatro anos. Democracia são discussões de ideias com profundidade e não superficialidade. As pessoalidades devem caminhar para longe da política. Infelizmente, nos dias atuais, a pobreza das discussões pessoais acaba tomando lugar do debate de ideias e acaba gerando conflitos interpessoais que às vezes levam à morte de pessoas, ou ódio de lado a lado. Política não é isso. Entro para buscar o bem comum e debater ideias na busca do interesse de todos.

PUBLICIDADE