Recado das urnas: Acre é único estado do país a renovar 100% da bancada federal

Renovou

Terminada a apuração dos votos, o Acre surpreendeu não só os eleitores do estado mas todo o país. Foi o único estado a renovar em 100% as vagas para a Câmara Federal.

Recado

A completa renovação pode ser enxergada como um grande recado dos eleitores aos atuais ocupantes das vagas de deputado federal pelo estado. É um alerta pra todo político detentor de mandato.

De fora

Além dos deputados federais Alan Rick (UB) e Vanda Milani (Pros) que disputaram o Senado e Mara Rocha (MDB), que disputou o Governo e já não voltariam para a Câmara, os cinco que tentaram a reeleição também ficaram de fora. Perpétua Almeida (PCdoB), Jesus Sérgio (PDT), Leo de Brito (PT), Jéssica Sales (MDB) e Flaviano Melo (MDB) terão que esperar até 2026 pra tentar voltar ao Congresso Nacional.

Eleitos

Para a nova legislatura, que tem início em 2023, foram eleitos, por ordem de votação, Socorro Neri (PP), Meire Serafim (UB), Coronel Ulysses (UB), Zezinho Barbary (PP), Gerlen Diniz (PP), Eduardo Velloso (UB), Antônia Lúcia (Republicanos) e Roberto Duarte (Republicanos). Apenas três partidos elegeram deputados federais no Acre.

Bolsonarismo

Que o bolsonarismo é forte no Acre, ninguém tem dúvida. Uma prova é essa renovacão das vagas na Câmara. Dos oito eleitos, todos dialogam com o bolsonarismo, alguns são declaradamente aliados do presidente, e outros, mesmo que não declarem publicamente que são aliados, estão em partidos da base de Bolsonaro. Os três deputados mais bolsonaristas da atual legislatura -Alan Rick, Vanda Milani e Mara Rocha- foram para a disputa majoritária, e pelo visto seriam os que teriam mais chance de reeleição.

Esquerda

Essa eleição foi ainda pior que a de 2018 para a esquerda. Naquela ocasião, a esquerda acreana elegeu Perpétua Almeida (PCdoB) e a centro-esquerda Jesus Sérgio (PDT). Leo de Brito, do PT, também ocupou a vaga de deputado pouco depois do início da legislatura, ocupando a vaga de Manoel Marcos (PRB), que foi cassado. Se naquela época, o sentimento era de que a esquerda havia sido ‘varrida’ do mapa no Acre, agora passaram um aspirador de pó.

Liderança

A liderança nas urnas na disputa pela Câmara Federal foi da ex-prefeita de Rio Branco, Socorro Neri, do Progressistas. Com quase 26 mil votos, Neri deu a volta por cima da derrota que sofreu em 2020 e já se coloca novamente no páreo para reconquistar a capital em 2024. Só precisa resolver internamente a situação, já que ela e Bocalom, atual prefeito, são do mesmo partido, o Progressistas.

Surpresas

Com uma renovação de 100%, é claro que muitas foram as surpresas. Zezinho Barbary talvez tenha sido a maior delas. Ex-prefeito do município de Porto Walter, Barbary mostrou uma força excepcional nas urnas. Apesar de não ser muito conhecido pras bandas da capital Rio Branco, é um fenômeno na sua região.

Quociente

Perpétua Almeida e Jéssica Sales foram as grandes vítimas do quociente eleitoral nessa eleição. Mesmo com votações expressivas, suas chapas não atingiram votação suficiente para eleger sequer um deputado. Na eleição passada, a grande vítima do quociente foi o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom.

Paridade

Se nas eleições de 2018, houve paridade de gênero com relação ao número de vagas ocupadas na Câmara Federal pelo Acre, com quatro homens e quatro mulheres, neste ano os homens ganharam a maioria das vagas, cinco. De qualquer forma, com três mulheres eleitas, ou seja, 37,5% das vagas, o Acre continua com uma das maiores (proporcionalmente) bancadas femininas do país. Isso sem contar que foram mulheres as duas mais votadas neste pleito: Socorro Neri e Meire Serafim.

Presidente

Com a disputa presidencial indo para o 2° turno, o Acre mostrou novamente que é um dos estados mais bolsonaristas do país. Por aqui, Bolsonaro (PL) teve 62,5% e Lula (PT) 29,26% dos votos. O Acre só ficou atrás de Roraima e Rondônia na maior quantidade de votos proporcionais para Bolsonaro. Em 2018, o Acre só foi líder no quesito de estado mais bolsonarista do país no 2° turno. Será que vai acontecer novamente neste ano?

Exceções

Porto Walter, Jordão, Feijó e Santa Rosa do Purus foram as exceções no voto presidencial no Acre. Somente nesses municípios Lula conseguiu ficar na frente. Em todos os demais, só deu Bolsonaro.

Retorno

Hoje, dia 3 de outubro, reassumo este espaço que tanto prezo que é a coluna Pimenta no Reino. Durante os últimos 45 dias a coluna esteve sob os cuidados do editor-chefe do ContilNet, Everton Damasceno, com eventuais contribuições minhas. Sou muito grato ao Everton por ter segurado a coluna com muita responsabilidade. Vamos em frente!

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