Professor troca de profissão para fotografar a vida real dos pássaros no Pantanal

Foi há 2 anos, no início da pandemia, que o corumbaense Guilherme Provenzano Giovanni decidiu largar a profissão de educador físico e se dedicar 100% à fotografia. Porém, a paixão por registrar a vida silvestre no Pantanal é antiga. Há mais de 10 anos que o fotógrafo registra a “vida real” dos pássaros que têm o bioma como morada ou daqueles que passam pelo local em processo migratório.

CLIQUE AQUI para ver o vídeo.

Na semana em que se é comemorado o Dia Mundial das Aves, Guilherme conversou com o g1 e relatou histórias, perrengues para o clique perfeito e sobre a trajetória na fotografia dentro do Pantanal. Com especificidade em registrar aves, o fotógrafo selecionou alguns registros. Veja as fotos no vídeo acima e ao longo deste conteúdo.

Elemento principal: os pássaros

 

Pica-paus brancos em ninho. — Foto: Guilherme Provenzano Giovanni/Arquivo Pessoal

Pica-paus brancos em ninho. — Foto: Guilherme Provenzano Giovanni/Arquivo Pessoal

Foi fotografando os pássaros do Pantanal que Guilherme viu um nicho de negócio. “O meu olhar para foto é minha bagagem de vida. O que eu já passei, já senti, o que existe dentro de mim, eu transformo em fotografia”, detalha.

Entre uma ave no céu ou outra alçando voo, o fotógrafo pantaneiro explica que busca algo diferente ao registrar os pássaros no Pantanal: “a vida real dos animais”.

“Quando se fala em passarinho, por exemplo, eu gosto de achar a expressão dele, expressão fácil dele, se parece que ele está pensativo, mais triste. Isso retrata até a condição diária, as vezes você não está tão bem e consegue passar isso através da fotografia”, comenta.

Pássaros antes de período de acasalamento. — Foto: Guilherme Provenzano Giovanni/Arquivo Pessoal

Pássaros antes de período de acasalamento. — Foto: Guilherme Provenzano Giovanni/Arquivo Pessoal

As fotografias de Guilherme são determinadas pelos períodos de seca e cheia no Pantanal. Quando as águas inundam a planície, as técnicas são diferentes, como os pássaros também são. Já quando o período é de seca, tudo muda.

“Esse fluxo de cheia e seca no Pantanal já dá uma programação da época em que você vai encontrar. Em cada período é uma surpresa. Por exemplo, agora é uma época que você vai ver muita foto minha dos pássaros pescando, das aves comendo peixe. É uma época em que eles conseguem ter mais acesso a esses peixes que vão ficando represados”, detalha.

Morando no Pantanal desde sempre, Guilherme sai em vantagem por ser pantaneiro nato. Os lugares, os ninhos e os pontos onde encontra as aves são estudados previamente antes de ir a campo para as fotografias.

Ave almoçando no Pantanal. — Foto: Guilherme Provenzano Giovanni/Arquivo Pessoal

Ave almoçando no Pantanal. — Foto: Guilherme Provenzano Giovanni/Arquivo Pessoal

Entre várias expedições, fotos únicas foram registradas, como alguns perrengues foram vividos por Guilherme. Para os registros, o fotógrafo usa roupa de camuflagem e aparatos que possibilitam fotografar os pássaros de uma distância maior.

“Eu procuro ir em lugares remotos que não tenham muita interferência humana, eu me embrenho no mato mesmo e não tem jeito. Só não encontrei onça. Já passei muito perrengue em lugares longes, sem sinal de celular, com pneu furado, mas a gente vai se virando. Eu procuro ficar em um ambiente meio que camuflado, uso roupas camufláveis e tento não interferir no animal, de forma alguma, para não perturbar e não estressar. Então a maioria das fotos é do comportamento natural que o bicho está tendo, se alimentando, brigando ou acasalando”, apresenta.

Interesse pela fotografia

Há 12 anos, Guilherme tem a fotografia como profissão. — Foto: Arquivo pessoal/Reprodução

Há 12 anos, Guilherme tem a fotografia como profissão. — Foto: Arquivo pessoal/Reprodução

Guilherme tem 50 anos e há 12, começou a se interessar pela fotografia. A curiosidade levou o fotógrafo a se embrenhar nas matas em busca da “vida real” das aves pantaneiras. Até o fim de 2018 já foram identificadas no bioma 656 espécies de aves, segundo os dados da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro).

“A convivência desde criança com esse mundo, de ir para a fazenda, é muito curioso. Por exemplo, você vê muitas fotografias dos pássaros voando, mas você não vê ele alimentando o filhote, não vê ele disputando um alimento, não vê ele acasalando”, detalha.

Penas de arara-canindé. — Foto: Guilherme Provenzano Giovanni/Arquivo Pessoal

Penas de arara-canindé. — Foto: Guilherme Provenzano Giovanni/Arquivo Pessoal

Agora, fotógrafo, antes Guilherme tinha como profissão a Educação Física. “A fotografia passou de hobby para profissão depois que começaram a me pagar por artigos fotográficos. Eu comecei a ganhar confiança daquele nicho que eu tinha no Instagram”. Veja outros registros nas redes sociais, clique aqui.

Foi no diferente que Guilherme achou uma oportunidade. “Eu procuro mapear a região que eu vou fotografar, ver bem a época do ano que isso pode acontecer porque fica mais fácil e acho um bom ângulo para ficar ali tentando pegar esse flagrantes, acho que isso é o diferencial”.

“O Pantanal me fez fotógrafo, eu devo muito ao bioma. Trabalhei muito em 2020 e 2021. […] Se eu sou fotógrafo, é graças ao Pantanal, é uma coisa que eu gosto, para mim é uma satisfação, uma emoção. Toda vez que eu aperto meu obturador para fazer uma foto, ali está indo todo o meu sentimento”, finalizou.

Passarinho em poça d'água. — Foto: Guilherme Provenzano Giovanni/Arquivo Pessoal

Passarinho em poça d’água. — Foto: Guilherme Provenzano Giovanni/Arquivo Pessoal

PUBLICIDADE