As executivas nacionais do PTB e do Patriota anunciaram, nesta terça-feira (26/10), a fusão das duas legendas. De acordo com comunicado do PTB, o novo partido resultante dessa união se chamará Mais Brasil e terá o 25 como número de registro na Justiça Eleitoral. Com a fusão, a nova legenda se habilita a receber recursos dos fundos eleitoral e partidário e garante acesso à propaganda obrigatória no rádio e na tevê.
Na eleição do dia 2 de outubro, nenhuma das duas legendas conseguiu votação suficiente para ultrapassar a cláusula de barreira e, por isso, encontraram na fusão uma saída para garantir a sobrevivência política.
Pela cláusula de barreira, as legendas precisam eleger, no mínimo, 11 deputados federais em, pelo menos, nove estados, ou receber ao menos 2% dos votos válidos para a Câmara no mesmo número de unidades da Federação. Unidas, as duas legendas passam a contar com cinco deputados federais — um do PTB e quatro do Patriota —, mas superam a marca dos 2% dos votos válidos.
Uma das exigências para a fusão foi aceita pelos dois lados: a de que o ex-presidente do PTB Roberto Jefferson (RJ) não ocupe nenhum cargo de comando na nova legenda. O nome dele não deve sequer ser aceito na lista de filiações.
O ex-deputado foi preso no último domingo (24/10), em Levy Gasparian (RJ), depois de disparar tiros de fuzil e arremessar bombas contra uma equipe da Polícia Federal que tentava cumprir um mandado de prisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Roberto Jefferson está detido no presídio carioca de Bangu 1.
Jefferson era o nome do PTB (decidido por ele próprio) à Presidência da República, mas a candidatura foi indeferida pela Justiça Eleitoral. O substituto, Padre Kelmon, acabou sendo um dos personagens do primeiro turno ao se alinhar ao presidente Jair Bolsonaro nos debates entre presidenciáveis, em uma dobradinha que acabou ganhando destaque na mídia e na propaganda eleitoral. Kelmon, inclusive, esteve na casa de Jefferson no domingo para ajudar na negociação com a PF. Foi ele quem entregou aos agentes federais um dos fuzis supostamente usados contra os policiais.
Morte lenta
A fusão evitará a morte do PTB, uma legenda tradicional da política brasileira que foi resgatada após o fim do bipartidarismo por Ivete Vargas, sobrinha do ex-presidente Getúlio Vargas, principal líder do trabalhismo brasileiro na primeira metade do século passado. Ivete venceu uma disputa judicial com o ex-governador do Rio Grande do Sul Leonel Brizola, que pleiteava o comando da sigla.
Com a derrota na Justiça Eleitoral, Brizola fundou o PDT. Enquanto o partido do líder gaúcho militava na esquerda, Ivete Vargas fez do PTB linha auxiliar do PDS, o partido que sucedeu a Arena da ditadura.
Como agremiação, o PTB vinha colhendo resultados cada vez mais modestos nas últimas eleições, sob o comando de Roberto Jefferson, um dos principais líderes do antigo Centrão formado na Assembleia Nacional Constituinte para barrar as pautas progressistas.
Em 2018, a legenda elegeu apenas dez parlamentares. Neste ano, totalmente alinhada ao bolsonarismo, só conseguiu eleger o candidato Bebeto, no Rio de Janeiro, que não tem ligação com a cúpula do partido. Principais apostas da agremiação, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e a filha de Jefferson, Cristiane Brasil, fracassaram nas urnas. E ainda perdeu, no Senado, as duas cadeiras que tinha nesta legislatura, de Fernando Collor (AL) e Roberto Rocha (MA), que não conseguiram ser reeleitos.