As declarações do ativista bolsonarista acreano Ruy Birico dando conta de que estaria disposto a abrir o bucho de comunistas à faca, conforme áudios de sua autoria divulgados em rede sociais e grupos de Whatsapp, está a caminho de se tornar um caso de polícia.
Os deputados Edvaldo Magalhães (PCcdoB), Daniel Zen e Jonas Lima (PT), além de Jenilson Leite (PSB) e o presidente do diretório regional do PCdoB, Eduardo Farias, deixaram a sede do Ministério Público do Estado do Acre (MP-AC) na tarde desta terça-feira (22), pedindo providências da instituição, as quais podem resultar em inquérito policial.
O ativista foi exonerado de cargo em confiança que exercia no Governo do Estado na manhã de hoje, num sinal de que o governador Galdson Cameli reprovou suas atitudes, o que foi elogiado pelo grupo de parlamentares ofendido pelas declarações.
Os parlamentares e o dirigente partidário foram recebidos pela procuradora-chefe-adjunta do MP-AC, Rita de Cássia de Lima, a qual recebeu a formalização da denúncia. Edvaldo Magalhães, o único deputado estadual ligado aos movimentos de esquerda a garantida sua reeleição e retorno à Assembleia Legislativa do Estado do Acre (Aleac), na próxima legislatura, sentiu-se particularmente ameaçado por ter sido nominalmente citado nos áudios gravados por Ruy Birico.
“Um velho militante de esquerda, como é o meu caso, é acostumado a ouvir xingamentos e ofensas, mas nunca deste nível. Isso é intolerante”, disse o deputado. “Nossa presença no MP-AC é para pedir que o fiscal da aplicação da lei, como é esta instituição, tome providências em relação às declarações já que consideramos que houve ali a tipificação e vários crimes regulados pelo Código Penal Brasileiro”, acrescentou. Declaração semelhante já havia sido feita pelo deputado estadual petista Daniel Zen, que é advogado e professor de Direito da Universidade Federal do Acre (Ufac).
O deputado parabenizou o governador Gladson Cameli por ter determinado a exoneração de Ruy Birico de cargo de confiança no Instituto de Previdência do Estado, dando sinal de que não tolera este tipo de extremismo.
“Assim como o governador do Acre demonstra não tolerar isso, o que nós queremos é que o restante da sociedade acreana proceda do mesmo jeito porque este comportamento fere os princípios da convivência democrática”, afirmou.
A procuradora Rita de Cássia recebeu a denúncia, mas não se manifestou sobre os passos seguintes do MPAC. Juridicamente, Ruy Birico deverá responder por crimes de incitação à violência e ameaças, todos regulados pelo Código Penal.