Um fato pouco usual nas relações de trabalho está em curso hoje, sexta-feira (25/11). Uma greve de alcance mundial foi convocada por trabalhadores da Amazon, a gigante de tecnologia aplicada ao varejo. Não por acaso, isso acontece em plena Black Friday, um dos momentos mais aguardados pelo comércio em todo o planeta.
Informações da agência Reuters indicam que o grupo “Make Amazon Pay” (“Faça a Amazon Pagar”) planejou paralisações em mais de 30 países. A organização reivindica, entre outros fatores, melhores salários e a definição de novo acordo coletivo sobre condições de trabalho.
Os funcionários foram incitados a cruzar os braços em regiões de forte impacto para os negócios da empresa, como os Estados Unidos, a Alemanha e a França. Porta-vozes da companhia nesses locais, porém, afirmaram que a atividades nas instalações da Amazon não foram afetadas pelo movimento.
Ainda assim, o episódio chama a atenção. Nas últimas semanas, demissões em massa tornaram-se frequentes entre as gigantes de tecnologia. Entre muitos outros entraves, elas enfrentam vendas cambaleantes após o fim do isolamento social na maior parte das regiões do mundo, além de uma combinação indigesta de juros e inflação em alta nos países desenvolvidos – o que se traduz em queda do consumo.
A Meta, que controla o Facebook e o Whatsapp, cortou 11 mil pessoas no início de novembro. No meio do mês, a Amazon confirmou o desligamento de 10 mil trabalhadores. No Twitter, do midiático Elon Musk, 3,6 mil trabalhadores foram afastados, o que representa metade da força de trabalho da companhia de mídia social.
Nesse quadro, o anúncio de uma greve planetária indica tanto uma reação à conjuntura severa, como uma novidade nas relações de trabalho entre as empresas de ponta do ramo da tecnologia e seus funcionários. A questão é como se paralisa a atividade em companhias globalizadas, sem um endereço fixo e, portanto, imunes a velhas estratégias como piquetes em portarias e assembleias de trabalhadores.