O afastamento seguido de prisão do presidente constitucional do Peru, Pedro Castilho, há uma semana, em Lima, que gerou uma crise política em todo o país andino, poderá afetar o Acre e o Brasil. A ponte da Amizade ou da Integração, construída sobre o rio Acre para unir os dois países, na região fronteiriça de Assis Brasil e Inãpari, deve ser ocupada pelos manifestantes partidários do presidente deposto, cujas ações vêm se espalhando em todo o território peruano e que já resultaram inclusive em mortes.
Em casos assim, é comum aos peruanos ocuparem a parte da ponte que fica no lado do território de seu país. Eleito em 2021, após uma acirrada disputa com a candidata Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, Castilho não vinha conseguindo governar desde o princípio.
Com o país dividido e enfrentando uma dura oposição, que o ameaçava de impeachiment, na semana passada, Castilho tentou fechar o Congresso Nacional e decretar um governo de emergência, o que constituiria em golpe de Estado. Sem apoio das Forças Armadas e do próprio Congresso, acabou deposto e preso, o que vem gerando protestos violentos em todo o país entre seus aliados e adversários.
Os protestos cegaram à fronteira do Peru com o Brasil. Imagens da imprensa peruana revelaram que postos de pedágio ao longo da chamada Carretra, a estrada internacional que liga os dois países, foram atacados pelos manifestantes. Os ataques foram feitos ao longo do trecho que liga Iñapari, situada na divisa com o município de Assis Brasil, no estado do Acre, até a cidade de Porto Maldonado, após o rio Madre de Dios.
Turistas brasileiros vêm sendo aconselhados pela autoridades a tomarem precauções e, se possível, até evitarem viagens ao Peru por esses dias, já que a tendência das manifestações é aumentarem e os bloqueios de pontes e rodovias se radicalizarem. É tensa a situação no Peru.
MP do Peru pede 18 meses de prisão preventiva para Pedro Castillo
O MP (Ministério Público) do Peru pediu a prisão preventiva do presidente destituído Pedro Castillo pelo período de 18 meses. O ex-mandatário está preso e é investigado por rebelião e conspiração após tentar dissolver o Congresso.
Na última quinta-feira (7), o peruano fez um pronunciamento no qual afirmou iria instituir um “governo de emergência excepcional” a fim de convocar novas eleições e, posteriormente, mudar a Constituição do Peru.
O anúncio ocorreu horas antes de Castillo enfrentar uma terceira tentativa de impeachment por parlamentares da oposição em 16 meses.