Júnior Manchineri, de 22 anos, foi candidato a deputado estadual pelo PT, nas eleições do ano passado. O acreano é o político mais jovem do Brasil a concorrer à uma vaga em um cargo estadual. O site ECOA, um dos principais veículos de comunicação que conta história de lideranças envolvidas em causas sociais do país, destacou a importância da luta de Manchineri na política acreana. Em uma reportagem publicada nesta segunda-feira (06), o site disse que Júnior “quer recolocar o Acre no mapa da transformação”.
Em uma reportagem de quase 4 laudas, o ECOA começa falando sobre a relação de Júnior com os avós indígenas da etnia Manchineri. “Meu avô paterno, Zé Urias Manchineri, é uma grande liderança que esteve presente na formação do movimento indígena acreano e nacional. Ele lutou pela demarcação da Terra Indígena Mamoadate, entre os municípios de Assis Brasil e Sena Madureira, no estado do Acre, ao lado de minha avó, Maria Manchineri, que faleceu antes de eu nascer”, disse.
Júnior fala ainda sobre os pais, que continuaram a luta pelos povos originários do Acre. “Meu pai estava com 18 anos quando conheceu minha mãe, que tinha 19, em Xapuri, no enterro do ativista Chico Mendes, assassinado, em dezembro de 1988, por defender os trabalhadores dos seringais e a floresta amazônica”, declarou.
Sobre a carreira política, Júnior conta que o programa Jovem Parlamentar, da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), foi essencial para que ele tivesse a consciência de que poderia alcançar novos voos na política acreana. “Uma coisa que eu sempre reforço é que a política é uma ferramenta de transformação. Assim como é usada como ferramenta de manipulação, ela pode ser uma ferramenta de mudança na vida de muitas pessoas”.
Júnior é acadêmico do curso de Ciências Sociais na Universidade Federal do Acre (Ufac) e tem como principal defesa os direitos da juventude. O jovem criou ainda o projeto Matpha, que significa ‘indígenas da cidade reunidos’, idealizada por seus pais.
“Eu vejo que temos uma juventude indígena muito consciente, politizada e organizada, mas que em muitos casos tem sua voz e sua vontade retidas ao futuro, sempre arraigada naquela frase de que “a juventude é o futuro”, mas nós somos o agora e temos a capacidade intelectual e o conhecimento do movimento de estar ocupando os espaços de liderança. Sempre digo que quando juntamos a energia da juventude e a sabedoria dos anciãos, dos mais velhos, temos um resultado surpreendente”, disse Manchineri à reportagem do ContilNet.
Manchineri recebeu 834 votos nas eleições de 2022. Embora não tenha sido eleito, o jovem foi indicado para assumir a direção regional da Funai do Alto Purus (localizada em Rio Branco), que contempla terras indígenas no Acre, sul do Amazonas e noroeste de Rondônia.
O acreano deverá ser a pessoa mais jovem a assumir a coordenação da Fundação Nacional dos Povos Indígenas, no governo Lula.
Além de ser destaque no site, Manchineri concorre ao Prêmio Ecoa, que pretende premiar lideranças engajadas em causas sociais. Recentemente, outra acreana também foi indicada, Neidinha Suruí, pela luta na defesa da Floresta Amazônica.
Ao ContilNet, Manchineri falou sobre a felicidade de ser reconhecido nacionalmente. “Estou como finalista, e estar num espaço de destaque a nível nacional é uma vitória coletiva do movimento e da juventude indígena. A indicação se dá pelo fato de ter sido nas eleições de 2022 o candidato indígena mais jovem do Brasil, reforçando a importância da juventude nos espaços de protagonismo”, finalizou.