Embora o apartamento em que mora com a família em Instambul tenha sido atingido apenas parcialmente, o acreano de Rio Branco Dinildomar Chagas de Moura, de 55 anos, que vive no país desde 2012, é um dos milhares atingidos pelo terremoto que sacudiu a região, incluindo parte da Síria, na última segunda-feira (6) e que já causou a morte de mais de 20 mil pessoas.
“Três dias depois da tragédia, os socorristas que trabalham dia e noite revirando os escombros ainda encontram pessoas vivas, principalmente crianças”, disse o acreano ao ContilNet enquanto mostrava, através de ligações de vídeo, as rachaduras deixadas pelo terremoto no apartamento em que ele vive com a esposa Tülay Chagas de Moura e a filha Dilay, de 5 anos.
Instambul é uma grande cidade da Turquia que se divide entre a Europa e a Ásia, às margens do estreito do Bósforo. Atualmente, tem próximos a 16 milhões de habitantes numa área de 5.343 km². A chamada Cidade Velha reflete as influências culturais dos muitos impérios que já governaram a região. No distrito de Sultanahmet, ao ar livre, fica o hipódromo da era romana, que foi durante séculos o local de corridas de bigas.
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Há também obeliscos egípcios. A bizantina Basílica de Santa Sofia tem uma cúpula arrojada do século VI e mosaicos cristãos raros. Uma cidade cosmopolita, com gente de praticamente todas as partes do mundo, um autêntico paraíso para um artista plástico especializado em gravuras e professor de línguas versado em português, espanhol, francês e inglês.
Mas o terremoto de segunda-feira ameaçou fisicamente este paraíso e o mundo particular de Dinildomar e sua família ao ponto de ele e a mulher, que não fala português, estarem pensando em vir embora para o Brasil. “Se eu arranjasse emprego nas minhas áreas aí, eu iria embora para o meu Acre”, disse o artista, que já venceu vários concursos de cartuns e outros tipos de desenhos ao redor do mundo com a reprodução e imagens da natureza, incluindo índios, da Amazônia e do próprio Acre. O cartum e charges são um tipo de arte muito popular e consumida na Europa e na Ásia.
Ao pensar em retornar ao Acre, Dinildomar, além de fugir do perigo e da violência da natureza, estaria atendendo apelos de sua mãe, dona Francisca Chagas de Moura, uma funcionária pública aposentada da Companhia de Habitação do Estado do Acre (Cohab-AC), além de suas irmãs mais velhas Divoneide e Divanir. As três, assim que souberam do terremoto, ligaram para Dinildomar. “Ainda bem que ele me atendeu e entrou em contato comigo logo em seguida”, disse dona Francisca, que está em Goiânia passando uma temporada com a filha mais nova, Divanir, que mora em Goiás. “Eu já falei comas minhas filhas para me ajudarem a convencer o irmão delas a voltar. E a família dele não quiser vir, e a mulher parece que não quer mistura com brasileiros, que ele venha só. O que não pode é deixar a gente com o coração na mão”, diz dona Francisca.
A aposentada sabe bem o que isso significa: dia 11 de setembro de 2000, ela ficou viúva. Seu marido, Francisco Divino Chagas de Moura, aposentado como contador geral do Estado, morreu no sofá da sala de casa quando via televisão e assistiu os bombardeiros das Torres Gêmeas, com os uso de aviões, nos atos de terrorismo da Al Queda de Osama Bin Ladem aos Estados Unidos. Achando que o filho pudesse viver nos Estados Unidos na época e estar entre os mortos, o aposentado de imediato teve um infarto fulminante e morreu sem saber que o filho, pelo menos na época, estava fora de perigo. Ele estava em Paris, na França.