Com o pomposo e honroso nome em homenagem a um ex-presidente da República, a ponte Juscelino Kubitscheck, no centro de Rio Branco sobre o rio Acre, embora seja homônima de outro monumento do gênero construído em 2002 sobre o Lago Paranoá, em Brasília, está completando 60 anos de inauguração.
Embora possa ser comparada a um vetusta senhora, a primeira grande obra do gênero construída no Acre foi inaugurada em fevereiro de 1963 pelo então governador José Augusto de Araújo e, nessas seis décadas, já passou por provações ao ponto de também ser jocosamente chamada de “Balança Mas não Cai” e “Baila Comigo”, evocação a um programa de humor e a uma novela da Rede Globo de Televisão, datados de 1981.
Tudo porque, em 1978, no apagar das luzes do governo Joaquim Macedo, o último de um ciclo de cinco governadores eleitos indiretamente pela ditadura militar, parte da ponte, aquela cabeceira que fica na parte do Segundo Distrito da cidade e que dá acesso ao calçadão da Gameleira, não resistiu a uma enchente e veio a baixo, levado pela enxurrada.
A violência do rio Acre foi tamanha que as obras de recuperação do vão arrastado, iniciadas em agosto de 1984, já no Governo de Nabor Júnior, levaram um ano e oito meses de trabalho. A ponte foi reinaugurada e liberada para tráfego de veículos em abril de 1985.
Antes da recuperação, a passagem por ali passou a ser improvisada, com uma ponte suspensa em madeira e segura por cabos a qual balançava no ar conforme a caminhada do pedestre. Uma alegria para a vagabundagem de meninos de rua que corriam para cima e para baixo durante a passagem dos pedestres, principalmente de idosos, só para vê-los balançar e tremer de medo. Daí os apelidos relativos às produções globais.
As primeiras estruturas metálicas, compradas da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), foram adquiridas na gestão do governo Valério Caldas Magalhães, em 1956, quando o Acre ainda era Território Federal.
A ponte tem 230 metros de extensão e foi reformada em concreto armado e estrutura metálica e asfáltica. Na época de sua inauguração, a ponte metálica era a maior do Território Federal do Acre e foi projetada para abrir o próprio vão e permitir a passagem de navios. Esta abertura nunca ocorreu porque esta parte do projeto foi abandonada, primeiro porque, coma abertura da BR-364 entre Porto Velho (RO) e Rio Branco (AC), ainda que sem asfalto e com atoleiros e buracos, o transporte fluvial perdeu sua importância fundamental e, em segundo lugar, os grandes navios e outras embarcações de maior porte, deixaram de singrar o rio Acre.
Ainda que seja chamada apenas de ponte metálica ou por seus apelidos jocosos, a ponte foi a primeira obra de engenharia da história do Acre e é uma referência histórica de um Estado cuja população, antes de sua construção, tinha que valer-se de catraias e outros pequenos barcos para a travessia diária de um lado para o outro do rio, com todos os riscos que esse tipo de travessia impunha. A ponte foi o primeiro símbolo de liberdade de locomoção do povo de Rio Branco.