Michael Jordan, um senhor de 60 anos a partir desta sexta-feira, tem prazer em sentar na última cadeira do banco de reservas do Charlotte Hornets, nos duelos no Spectrum Center, e só levantar para reclamar da arbitragem. Com frequência, veste sua jaqueta preta e pode passar despercebido até o primeiro foco da câmera e sua imagem icônica a tomar o telão.
Desde que se tornou acionista majoritário – o primeiro negro na história da NBA – e principal tomador de decisões dos Hornets, em 2010, o time alcançou duas vezes os playoffs em 13 temporadas. Ainda não passou da primeira rodada. O mercado pequeno não ajuda no recrutamento de grandes estrelas, mas a política de reconstrução pelo draft tampouco vem sendo bem-sucedida.
Sem sorte no jogo, Jordan não tem do que reclamar quando abre o bolso. Sua fortuna é estimada pela revista Forbes em 1,7 bilhão de dólares, quase nove bilhões de reais. Foi o primeiro atleta a se tornar um bilionário, e é o segundo ex-atleta mais rico dos Estados Unidos, só atrás do ex-boxeador Floyd Mayweather Jr.
Seus negócios incluem uma equipe na Nascar, a 23XI Racing, outros investimentos nas áreas automotiva, de restaurantes, de apostas em esportes e, claro, a Jordan Brand, sua marca de materiais esportivos em colaboração com a Nike, parceira vitalícia.
Errei mais de nove mil arremessos na minha carreira. Perdi quase 300 jogos. Vinte e seis vezes, confiaram em mim para fazer o arremesso da vitória… E eu errei. Eu falhei de novo, e de novo, e de novo. E foi por isso que fui bem-sucedido.
O clássico salto para a enterrada com a perna aberta continua estampado no uniforme dos Hornets, como já esteve no dos Bulls, Suns e vestuário do All-Star Game, entre outros. Só a Jordan Brand já chegou a ter receita superior a 100 milhões de dólares anuais.
Curiosamente, durante os 15 anos de carreira na NBA, Michael Jordan só foi o atleta mais bem pago da liga em duas temporadas (1996-1997 e 1997-1998), as duas últimas pelo Chicago Bulls.
O maior de todos os tempos
A popularização da TV a cabo e a expansão da internet ao redor do mundo nos anos 1990 coincidiu com o auge do estrelato de Jordan e seus seis títulos da NBA sem derrotas em finais.
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O astro do basquete mais midiático de todos os tempos, um revolucionário do marketing e da propaganda, para além das médias impressionantes dentro de quadra, ganhou o carimbo de melhor jogador da história sem maiores questionamentos do grande público.
A crítica, no entanto, continua a apontar nomes como Bill Russell, dos anos 1960, e Kareem Abdul-Jabbar, dos 1970 e 1980, como fortes candidatos ao posto, um debate que jamais terá fim.
Mais recentemente, LeBron James entrou na conversa, com a consistência no topo por 20 anos e a liderança de equipes as mais diversas ao patamar mais alto do esporte.
O lançamento do documentário Arremesso Final (The Last Dance, em inglês) na Netflix em 2020, vencedor do prêmio Emmy de melhor série documental, reacendeu a conversa – exatamente como o planejado por Jordan.
Especialistas na imprensa dos EUA garantem que a ascensão de James foi, no mínimo, um acelerador para o filme, que mostra bastidores inéditos e acesso raro a um ídolo recluso nos últimos anos, que pouco faz aparições públicas à exceção dos jogos em Charlotte.
Para que ninguém esqueça e os mais jovens saibam quem foi, e ainda é, Michael Jordan, a camisa 23 voltou a desfilar pelas telas. Desta vez, sob demanda. O senhor de 60 anos continua a conhecer como ninguém o impacto de sua imagem icônica numa quadra de basquete.